Uma nova onda para a juventude do Serviluz
“Eu acho que, se não fosse pelo surfe e pela influência dos meus amigos, eu não estaria onde estou hoje”. A frase é do campeão brasileiro de surfe na categoria iniciante mirim júnior, Rafael Venuto, 15 anos.
31/Mar/2014 - opovo.com.br - Fortaleza - Ceará - BrasilRafael é um dos 70 adolescentes que fazem parte da Associação Boca do Golfinho, no bairro Serviluz. Há cinco anos, a instituição trabalha com o surfe como ferramenta de mudança entre os jovens do bairro.
Segundo Carlos Alexandre dos Anjos, um dos diretores da Boca do Golfinho, o objetivo da associação é trabalhar, em paralelo, esporte e educação. “A gente tem exemplos aqui no bairro, como a Tita Tavares e o Fábio Silva que foram campeões, mas, quando precisaram de estudo, de uma formação, não tiveram. A gente procura formar os meninos nas duas áreas”, explica. Além da escolinha de surfe, promove aulas de capoeira, violão, inglês, informática e reforço escolar. Para participar das atividades, basta estar matriculado na rede pública de ensino.
Alexandre explica que, em um bairro com divisões territoriais entre gangues rivais, o grande sucesso da associação está em conseguir reunir jovens de diferentes comunidades. “O bairro é muito dividido e a gente consegue reunir todo mundo e orientar os meninos. Às vezes o pai ou o irmão são envolvidos com o crime, mas a criança não tem nada a ver com aquilo. Então ele vai pro lado do esporte. O que a gente tem visto aqui é que o esporte é uma tremenda ferramenta de transformação social”, diz.
O projeto já colhe os frutos no Serviluz. Dos 70 jovens participantes da associação, apenas um reprovou na escola. “O projeto acaba influenciando os meninos, tirando da rua, evitando de usar droga e cometer um crime. Um vai influenciando o outro”, comenta Rafael. Hoje, é o adolescente quem influencia os outros. “A maioria acaba se inspirando em mim. Mas eu acho isso bacana. É o meu papel”. (Liana Costa)