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Brasil

Um mar de motivos para respeitar os oceanos

Respeitar o mar. Essa é uma frase comum entre o povo do surf, ouvida sempre com reverência e jamais contestada. Nós também não contestaremos, mas, afinal, o que ela significa? O respeito tem a ver com entender correntes e ondulações – e garantir a segurança de quem está na prancha? Ou é mais a consciência de que, ao entrar na água salgada, um surfista se torna parte de algo maior – muito maior?

Embora tomar cuidado e água de coco sejam ótimas opções para a saúde, queremos abordar nossa postura em relação ao mar como entidade dominante de nosso planeta, que nos permite, de vez em quando, apreciar as franjas espumosas de suas beiradinhas. Respeitar o oceano – e a vida que ele contém – deve ser parte integrante da história de qualquer surfista.

Existe um Dia Internacional da Terra, que é celebrado em todo o mundo. Mas a data deveria coincidir com o Dia dos Oceanos, pela importância dos mares no nosso ecossistema. Guilherme Arantes estava certo quando cantou “Terra, planeta água”. Não vamos rememorar toda a letra, mas em resumo ela corrobora que, sem água, esse nosso lar azul não seria azul – e nem seria um lar.

Vamos aos fatos: 95% de toda a vida do planeta está no oceano. Sim, tudo que se vê na terra – elefante, mosquito, papagaio, jacaré e humanos - não superam 5% das criaturas vivas. Todo o restante está debaixo d´água. Em tempo: mesmo em cima de pranchas, surfistas contam como terrestres.  

Essa explosão de vida aquática gera uma cadeia de eventos inter-relacionados que, quando não atrapalhamos, faz o planeta funcionar muito bem. Infelizmente, temos atrapalhado, e muito. Na verdade, com algumas exceções, temos feito tudo errado. A começar pelo aquecimento global, com a queima exagerada de combustíveis fósseis e outras mazelas. Um planeta mais quente afeta diretamente os oceanos, com derretimento de geleiras – habitat de diversas espécies – e aquecimento dos mares. Água mais quente mata ecossistemas marinhos, como os corais, e prejudica o processo de apreensão de CO². Sim, são os oceanos os maiores responsáveis por absorver o gás carbônico da atmosfera e trocá-lo pelo delicioso oxigênio. Se você aprendeu que a Amazônia era o pulmão do mundo, atualize seus conceitos. Mas salve a floresta também, ela continua sendo importante.

Além de esturricar os mares, ainda estamos jogando todos os tipos de lixo nele. Há vários vídeos trágicos mostrando animais marinhos sofrendo com embalagens de cerveja, canudinhos e, mais recentemente, máscaras descartáveis. E mais trágico ainda é que esses incidentes poderiam ser evitados com o simples ato de jogar o lixo... no lixo!  Ou, ainda melhor, podemos mudar de hábito tentar produzir menos lixo, parando de usar embalagens descartáveis, trocando pelas reutilizáveis. Não dói, e faz bem.

Ainda que recentemente vários locais tenham tomado a dianteira e banido itens descartáveis, a verdade é que o plástico é onipresente em nossa sociedade. E sua forma mais perniciosa, o microplástico, pode estar em itens insuspeitos como xampus e pastas de dente. Aqui, a mudança de hábito precisa vir acompanhada da boa informação. Estude os produtos que você consome e certifique-se de que pensam como você, que prefere preservação antes da mera conveniência.

O estilo de vida do surf costuma ser focado em saúde e, por isso, é raro ver um surfista fumante. Mas eles existem e, para eles, um aviso: olho na bituca. Elas não desparecem quando jogadas no chão ou na areia da praia. Na verdade, ficam poluindo o ambiente – incluindo o mar – por dois anos.  Você ficaria bravo se alguém sujasse sua casa com uma bituca, não ficaria? Então faça de conta de que o mar é sua casa.

Em última análise, respeitar os mares é respeitar a sua própria vida, e a vida de todos que você ama. Nós demos muita sorte em conseguir ter um planeta no local exato no sistema solar, onde é possível abrigar tanta água sem congelar e sem evaporar, fator primordial para o desenvolvimento da atmosfera e de todas as espécies que existem – no seco e no molhado. Destruir esse patrimônio líquido é um enorme desrespeito. 

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