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Tita Tavares tenta ajuda para se tratar e voltar a competir

Surfista cearense sofre com hipertireoidismo. E sem patrocínio, viu-se em situação financeira difícil. Fortaleza, clube de coração, promete ajudá-la

24/Jul/2012 - globoesporte.com - Fortaleza - Ceará - Brasil

Em outubro de 2011, no Brasil Surf Pro, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, Tita Tavares 'apagou' por um segundo durante uma das baterias que disputava. Se não tivesse sido um apagão rápido, a surfista cearense poderia ter até morrido. Daí em diante, os sintomas só foram aumentando. Vieram a perda de apetite, dores de cabeça e falta de resistência. Até a descoberta de um forte problema de hipertireoidismo (doença da glândula tireóide, que se caracteriza pela hiperfunção da glândula tiróide, que resulta em uma variedade de manifestações clínicas como taquicardia, perda de peso, nervosismo e tremores), a atleta pensou no pior.

- Fiquei pensando que poderia ser uma doença sem cura. Foi um momento difícil - conta Tita Tavares.

A surfista, tetracampeã brasileira, pretendia brigar pelo pentacampeonato de igual para igual com suas adversárias e, mesmo pensando o pior, preferiu ignorar os sintomas e permanecer nas disputas. Até que, na etapa na Praia de Maracaípe, em Pernambuco, o seu corpo não respondia mais e Tita Tavares não conseguia mais ter o mesmo desempenho de antes.

- Não queria entender o que o corpo estava sentindo. Não queria procurar o médico porque eu queria dar o gás, como se diz. Queria ganhar o circuito de novo - avalia a cearense.

Com a parada nas competições, Tita Tavares foi perdendo renda e já sem patrocínio há seis anos, viu sua situação financeira chegar ao ponto de não poder pagar um tratamento adequado para o seu problema de saúde e não ter como realizar os exames necessários. Neste momento, amigos surfistas é que a estão ajudando.

- Fui à médica e ela pediu uma série de exames. Fiz alguns, mas a gente não sabe ler aqueles resultados. Estou tomando um remédio muito forte para o problema. Mas não é o adequado ainda. Ela passou para mim apenas enquanto voltava com os exames - diz Tita.

Antes, uma surfista de sucesso, ganhadora da primeira nota 10 unânime em uma etapa do Circuito Mundial de Surfe, em 1996, Tita Tavares viu sua renda mensal cair drasticamente. De tranquilos R$ 10 mil, em média, para R$ 2 mil. E o valor não é ganho nem mesmo por ela. Mas sim, por um dos seus 'filhos de criação', Paulo Ferreira da Silva, que mora em Brasília, onde trabalha como caldeireiro (metalúrgico responsável pela construção não só de caldeiras, como também de tanques, vasos de pressão, fornos, chaminés e outras peças e estruturas metálicas), envia dinheiro todo mês.

- A gente fica vendo o tempo passar e a sem ter como resolver o problema. O resultado disso é que, muitas vezes, você se vê sem ter dinheiro nem para comer direito - pontua a atleta.

Mas a esperança de voltar a competir logo e retomar as glórias de um passado bem recente faz com que ela desobedeça as recomendações médicas e surfe cerca de um hora e meia por dia. Moradora ainda da mesma casa de quando começou a surfar, na comunidade do Titanzinho, no bairro Serviluz, em Fortaleza, Tita Tavares vê, da janela de casa, as ondas quebrando na praia diariamente.

- Eu olho para o mar daqui e fico com saudade dele. De estar competindo. O que eu mais quero é ficar boa. Disseram que eu estava usando drogas, por isso estava sentindo essas coisas todas. Mas nunca precisei disso. Nem quando era bem pobre - conta.

Mas no meio dessa turbulência toda, uma esperança veio à tona. O Fortaleza Esporte Clube, time do coração de Tita, resolveu abrir os braços para uma de suas torcedoras mais ilustres e já anunciou que ajudará a surfista no seu tratamento.

- Vimos o drama dela e resolvemos ajudar em tudo que pudermos - afirma o diretor de publicidade e relações públicas do Fortaleza, Fábio Mota.

Segundo ele, o Departamento Médico do Tricolor do Pici irá auxiliar Tita Tavares com os exames médicos e no custeio dos medicamentos. Depois, uma campanha de marketing do clube será encabeçada por ela, que deverá se tornar sócio-torcedora do Leão.

Mas enquanto as ajudas não chegam, de fato, Tita Tavares vai sonhando com o dia em que voltará a competir em alto rendimento. E voltará a conquistar os títulos que sempre marcaram sua carreira.

- Eu preferiria a morte se alguém dissesse que eu não poderia mais surfar. Hoje, me seguro nas músicas do Bob Marley, com quem tanto me identifico. E eu sei que vou voltar. Ser aquela Tita Tavares que chegou a ficar em 3º lugar no WCT - finaliza, com olhos marejados, a surfista cearense, bicampeã do WQS.