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Surfista Cego Encontra a Caverna do Bin Laden

Quando comecei a pegar onda com o bodyboarder Magno Oliveira, sempre o questionava a respeito das ondas que tinha surfado, e ele sempre me falava das ondas que quebram nas lajes, então despertou em mim o desejo de conhecê-las...

13/Set/2011 - Magno O. Passos - Guarapari - Espírito Santo - Brasil

Ontem a noite, tudo indicava que a manhâ de hoje haveria ótimas condições de surf no Bin laden.

Então, acordamos as 5:30 e ligamos para o descobridor da maioria das lajes de Guarapari, Jackson Siqueira, que acabou de adquirir um equipamento fotográfico, e estava doido para estreá-lo. Todos estávamos instigados pois seria para mim a primeira vez no pico, Maguinho estaria matando a saudade da sua onda predileta e também a seria a estréia do equipamento do Jackson.

Partimos então, para um dos momentos que seria o ápice da minha carreira de surfista desde que comecei ha mais ou menos dois anos atrás.

Quando avistamos as ondas quebrando ainda do carro, Maguinho não parava de gritar e narrar as ondas que quebravam no meio do oceano, e ele acelerado me deixava louco. Nos preparamos rapidamente fomos até a pedra e pulamos, rumo a 15 minutos de remada mar a fora, enquanto nos aproximávamos da laje comecei a ouvir o barulho das bombas, e Maguinho agoniado já bem na frente, gritava para que eu fosse mais depressa.

Finalmente chegamos no desejado lugar e nos posicionamos para dropar as “buracas”.

No inicio confesso que fiquei meio aterrorizado, pois nunca tinha presenciado nada igual, a cada onda que quebrava, cada barulho da explosão na água, varias vezes cheguei a pensar em apenas ficar na “vibe” (ficar assitindo do canal), porém meu comparsa das ondas sempre tentava me acalmar e me encorajar, pois o jeito que ele narrava as ondas e como falava dos tubos, fez com que a minha vontade de dropar falasse mais alto. O meu maior medo era a cada onda que o Magno pegava pois eu ficava sozinho no outside sem saber se uma série grande estava vindo em direção a minha cabeça, pois era essa a maior preocupação do Maguinho. A primeira onda que dropei, não foi muito boa, uma esquerda, mas serviu para quebrar o gelo, pois quando voltei para o pico já pedia por mais uma. O bodyboarder não hesitou, e me disse que as direitas estavam melhores naquele momento, mais tubulares, porem com um drop mais difícil. Na próxima onda que veio, maguinho disse que era uma direita e que eu estava bem posicionado para ela, então foi só remar para baixo e tentar colocar no trilho e deixar o tubo rodar...porém não aconteceu como imaginado, a onda virou do nada e dificultou todos meus planos, tive que fazer um drop agarrado, como agente gosta de falar “igual a um filhote de macaco agarrado na mãe”, com muita dificuldade, fiz o drop e no final cai. Apos o backside voltei ainda mais confiante, e me posicionei para mais uma.

Foi ai que veio uma esquerda e Magno falou para eu ir, então fui e despenquei la de cima.

O combinado seria de irmos embora apos essa onda, e que eu sentaria no canal e esperaria pela ultima onda do Maguinho, porem na vaca perdi o senso de direção, e ao invés de remar para um lado remei para o outro, acabando que voltando mais uma vez para o pico. Foi ai que o momento tenso aconteceu, remei no rabo de uma esquerda merreca só para sair do pico e esperar, mas não conseguir entrar e quando virei o bico para voltar para o outside, Maguinho entendendo que eu já estava em uma área segura não me avisou da serie que vinha ao fundo, continuei remando e do nada comecei a ter a sensação de estar escalando uma onda meio gorda, no entanto, quando menos eu esperava, comecei a fazer parte do lip da onda e rodei junto com ele. A onda me jogou lá no fundo, e parecia que um redemoinho me sugava cada vez mais para o fundo, me tranqüilizei e esperei passar, quando voltei a superfície, notei que tinha duas pranchas. Minha prancha foi quebrada ao meio pelo lip e enquanto tentava entender a situação a corrente e levava para bem longe do pico, e tentava gritar para o Magno, mais ele não me respondia ou não me ouvia, foi ai que o desespero começou a bater quando imaginava que tudo poderia se repetir. Passou um tempo e o meu brother chegou ate mim, e começamos a dar gargalhadas da situação e nos preparar para um longa remada de volta a costa.

Comentário do Magno: O Derek remou para o rabo da esquerda, na tentativa de dropar a ultima onda numa zona em que não oferecia perigo, porem a onda passou por ele, quando olhei para o outside vi a serie vindo, e então busquei me posicionar para pegar uma das ondas, imaginando que o Derek estava numa situação tranqüila, a primeira onda passou e quando olhei para trás, só vi a cabeça dele, atravessando o lip e voltando com o mesmo. Na hora comecei a rir, porem quando vi onde ele foi parar e que a prancha estava quebrada ao meio sai remando em sua direção sem mesmo pegar uma onda para sair...quando cheguei até lá, demos varias risadas juntos e voltamos remando.

Chegando na pedra, ele me perguntou se no outro dia ia rolar de novo.... Eu brinco com o Derek que ele é surfista mas tem sangue de bodyboarder, por sempre querer pegar as ondas mais buracas....

Experiencia muito boa, em breve voltamos com mais aventuras com o Derek Rabelo.