SuperSurf ASP Masters começa no Rio de Janeiro
Guilherme Herdy e Richard Lovett foram os recordistas nas apenas seis baterias da primeira fase Master realizadas no Rio de Janeiro na terça-feira
26/Jul/2011 - João Carvalho / ASP - Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - BrasilO SuperSurf ASP World Masters Championship foi inaugurado com vitória brasileira de Flávio ‘Teco’ Padaratz na Praia do Arpoador, Rio de Janeiro. No entanto, como as ondas estavam muito pequenas na terça-feira, só as seis baterias da primeira fase Master, para os surfistas com idade entre 36-49 anos, foram realizadas. A Grand Master, para os que completaram 50 anos ou mais, ficou para a quarta-feira. Mas, a primeira chamada, às 8 horas, será para as duas categorias. A decisão de qual delas vai abrir o dia será anunciada após a análise das condições do mar no Arpoador.
O clima de confraternização entre os ídolos de várias gerações do surfe mundial no evento que há muitos anos não acontecia, o último tinha sido em 2003 no Havaí, é o grande atrativo do SuperSurf ASP World Masters. Mas, parece que isso acabou quando a competição foi iniciada. O australiano Richard Lovett começou bem com uma nota 8,75, a maior do primeiro dia. O catarinense Flavio Padaratz correu atrás, conseguiu a virada e passou a marcar o adversário, atitude comumente usada em eventos profissionais, quando existem disputas por classificações e pontos no ranking.
"O mar estava bem difícil, era eu contra três caras de Manly Beach (Sydney), já fizeram a patotinha deles lá no fundo e tentaram me cercar. Aí eu consegui pegar uma onda mais no meio da praia e logo depois fiz um 6,5. Então pensei que contra um cara que tem um 8,75 num mar assim, minha única chance era dele não pegar outra onda", contou Teco Padaratz.
"Então eu tive que marcar ele. Esqueci um pouco do Barton (Lynch) e do Rob Bain, fiquei mais em cima do Richard Lovett e apostei na sorte também. Felizmente para mim não veio mais onda. Ele até falou para mim que esse tempo de marcar já passou, mas respondi que eu ia me odiar se fosse para casa sem fazer isso para vencer a bateria", explicou Padaratz.
O formato de competição do SuperSurf ASP World Masters Championship é especial e só utilizado neste evento, sem eliminar ninguém nas primeiras fases. Na categoria Master, os 24 competidores são divididos em seis baterias e todos ainda competem mais quatro vezes com adversários diferentes, somando os pontos dos seus resultados. Os vencedores marcam 10 pontos, os segundos colocados ganham 7, os terceiros levam 4 e os últimos só 1 ponto. Barton Lynch ficou com o mínimo nesta primeira bateria e Richard Lovett somou 7 pontos pelo segundo lugar. Após as cinco fases, os oito que totalizarem mais pontos se classificam para os duelos homem-a-homem das quartas de final.
"Foi uma disputa interessante e deu para ver que o Teco não perdeu nenhuma das suas habilidades. Peguei só uma onda boa, depois simplesmente não veio mais nada pra mim, mas isso acontece", falou Richard Lovett, que teve que abandonar o Circuito Mundial para tratar de um câncer raro no quadril direito.
"É muito bom competir outra vez. A última vez que participei de um evento profissional foi em 2005 no Pipe Masters. Tive que parar por causa disso e foi muito bom recomeçar junto com dois ídolos meus de Sydney, o Barton (Lynch) e o Rob (Bain). Foi um momento especial lá dentro, demos boas risadas, rolou uma energia boa e foi muito legal".
Ninguém conseguiu tirar uma nota maior do que a 8,75 dele e, entre os 24 surfistas que estrearam na terça-feira, o maior placar foi registrado pelo brasileiro Guilherme Herdy no segundo confronto do dia, 14,10 pontos. Com este recorde, ele derrotou o tricampeão mundial Master, Gary Elkerton (2000 na França, 2001 na Irlanda e 2003 no Havaí), e os norte-americanos Brad Gerlach e Richie Collins, que acertou o primeiro aéreo do SuperSurf ASP World Masters.
"É um prazer enorme estar aqui competindo com essa galera toda. Uma boa parte da história do Circuito Mundial está aqui, ao vivo e a cores, então estar fazendo parte disso é maravilhoso. É uma honra muito grande estar novamente representando meu país nesta nova fase da minha vida, disputando a categoria Master", falou Guilherme Herdy. "Hoje (terça-feira) é um dia ainda mais especial para mim por ser meu aniversário. O dia está maravilhoso, com a cara do Rio de Janeiro, sem nenhuma nuvem no céu e só faltava um pouquinho mais de onda. Mas, mesmo assim, estar revendo essa galera toda, Barton Lynch, Mark Occhilupo, Tom Curren, Wayne Bartholomew, compensa qualquer coisa".
O primeiro dia terminou com um empate de 3 a 3 no número de vitórias brasileiras e estrangeiras no Arpoador. Além de Teco Padaratz e Guilherme Herdy, Victor Ribas, até hoje o brasileiro que conseguiu a melhor posição no ranking do ASP World Tour, terceiro lugar em 1999, também estreou com vitória no SuperSurf ASP World Masters. O americano Shea Lopez conquistou a primeira estrangeira, derrotando até o tricampeão mundial Tom Curren na bateria. As outras saíram nas últimas do dia, vencidas pelos australianos Mark Occhilupo e Nathan Webster.
"Eu me amarro no Arpoador. Fiz uma final aqui contra o Trent Munro quando eu ainda estava no circuito, fui campeão mundial também aqui no Rio de Janeiro, então vencer aqui de novo seria ótimo", falou Mark Occhilupo, após a vitória sobre o americano Marty Thomas e os brasileiros Fabio Gouveia e Fabio Silva, um dos dois classificados na triagem realizada na segunda-feira. "Gostei muito deste formato, todos têm chance de surfar várias vezes e tem todo este clima de confraternização, mas já deu pra ver que todos estão levando a sério".
O australiano e os outros vencedores das baterias largaram na frente na briga pelas oito vagas para as quartas de final com 10 pontos. O tricampeão mundial Tom Curren era o mais aguardado pelo bom público que aproveitou o lindo dia para assistir o campeonato. Ele até surfou bem algumas ondas, mas não o suficiente para superar o brasileiro Renan Rocha e o americano Shea Lopez, que venceu a bateria. Curren terminou em terceiro lugar e começou com 4 pontos.
"Esse campeonato é diferente porque você tem outras chances para recuperar um resultado ruim", destacou Curren. "Também têm muitas pessoas que querem ver os surfistas de outros tempos na água, então o formato favorece isso porque ninguém é eliminado logo na primeira bateria como acontece nos eventos normais do circuito mundial. É muito bom rever todo mundo, tem um clima de confraternização, mas prefiro me concentrar na competição e quero sempre dar o meu melhor para conseguir um bom resultado".
Na quarta-feira todos voltam a se apresentar no Arpoador, mas com adversários diferentes na segunda fase da categoria Master. No entanto, a Grand Master também pode ser iniciada e a chamada das 8 horas é para as duas categorias. A que entrará primeiro no mar será decidida na reunião da comissão técnica. Se a escolhida for a Master, o primeiro confronto do dia será entre o australiano Barton Lynch, o norte-americano Brad Gerlach e os brasileiros Peterson Rosa e Guilherme Herdy. Se for definido pelo início da Grand Master, entrarão o sul-africano Shaun Tomson, os havaianos Hans Hedemann e Buzzy Kerbox e o brasileiro Daniel Friedman.