Roberta Souza - Nias 2013
Desde nova sempre quis surfar na Indonésia, é o sonho de todo surfista, e sempre via em filmes as direitas de Nias e ficava imaginando como seria se eu tivesse a oportunidade de pegar essas ondas. Depois de 6 anos juntando dinheiro e focando na Indonésia
07/Out/2013 - Roberta Souza - Nias - Sumatra do Norte - IndonésiaNias parece que foi feita para o surf. Existe uma onda chamada “indicators” que, como o nome já diz, serve para indicar a serie entrando. Se entra por trás do pico sem tomar nenhuma onda na cabeça e a onda quebra em um point só.
O lugar é paradisíaco, a onda é perfeita e não para de quebrar, maré cheia ou maré vazia a onda está lá, dia e noite. No começo é complicado surfar por causa do crowd, tem que ter muita paciência, passou de vinte pessoas surfando já fica difícil porque é só em um lugar que quebra a onda.
Em Nias os dias são muito quentes e sem vento e a comida não repõem todas as energias necessárias para o surf, eu fiquei por duas semanas lá e acabei ficando doente pelo cansaço e pelo calor, tive febre. Depois vi outros dois caras australianos piores que eu, mas parar de surfar ninguém para.
O povo é muito receptivo, são muito simpáticos, mas sempre querem te vender alguma coisa, artesanatos em madeira, coco, bota, parafina, tudo que eles arrumarem e tudo que você pedir eles dão um jeito de arrumar. A história deles é muito interessante e um pouco triste também por conta dos terremotos e da tsunami.
Hoje, revendo as fotos e lembrando dos momentos eu não consigo acreditar que depois de 6 anos eu finalmente fui e peguei muita onda. Apesar de muita gente surfando e, diferente do que muitos pensam, para mulher é mais difícil porque ninguém acredita que você vai descer em uma onda, até o momento que você começa a dar uma de kamikaze e ai ninguém mais fica te dando a volta para pegar sua onda ou entrando na sua frente, e passam a te respeitar e o respeito não vem através da força e da briga, respeito de conquista com boa postura seja em qualquer situação da vida.
Saio de nias, depois de duas semanas, com muita lipada na cabeça, muita vaca, muita onda, muita comida ruim, muito calor, muito destruída, muito cansada, muito mais amadurecida, muitas histórias, algumas amizades, algumas queimaduras de água viva e o que poucos sabem é que depois de ter quase rompido os ligamentos do joelho surfando em Uluwatu, eu tive fé que eu ia melhorar e mesmo sentindo dor e não podendo dar 100% de mim, eu fiz o que pude e peguei a onda dos meus sonhos.
Machucar o joelho não estava nos meus planos, mas foi um momento de superação e eu só tenho a agradecer porque estar aqui já é uma vitória para mim. Saio de nias não com a sensação de missão cumprida mas com a certeza de que a missão apenas começou.