O poder das marés narrativas: quando o fã vira roteirista
Não é mais novidade que os consumidores deixaram de ser apenas espectadores.
21/Jul/2023 -A era da participação criativa
Não é mais novidade que os consumidores deixaram de ser apenas espectadores. Nos games narrativos, assim como nas comunidades de surf, o envolvimento emocional vai além do conteúdo: há o desejo crescente de moldá-lo. No universo do surf digital, onde simuladores e experiências gamificadas se multiplicam, esse fenômeno tem se tornado particularmente visível.
O jogador contemporâneo — especialmente nas comunidades mais engajadas — já não se contenta em seguir uma história predefinida. Ele quer escolher os rumos, interferir nos desfechos, deixar sua marca. A narrativa se torna um mar aberto, e o controle, uma prancha nas mãos dos fãs.
Surfando as escolhas narrativas
Os jogos narrativos modernos passaram a funcionar como grandes sessões de ondas — cada jogador decide quando remar, qual direção seguir e quando se lançar. Em vez de fases lineares, encontramos múltiplas possibilidades que permitem não apenas finais diferentes, mas interpretações inteiramente diversas da mesma história.
Isso se reflete também em experiências digitais ligadas ao surf, como documentários interativos, jogos de decisão em tempo real sobre campeonatos fictícios e até mods criados por fãs para simuladores que modificam completamente o roteiro original. A comunidade cria, altera e reescreve — não como rebeldia, mas como extensão do amor pelo universo retratado.
Leia também: O futuro dos jogos narrativos está nas mãos dos fãs?
O envolvimento afetivo como motor da criação
Por que essa sede por narrar? Parte da resposta está no envolvimento afetivo. Quando um surfista acompanha, por exemplo, a trajetória de um personagem em um game ambientado em praias fictícias, ele projeta seu próprio imaginário ali. Quando esse personagem é bem escrito, ele se torna um reflexo das vontades do jogador. Dar voz a essa vontade torna-se uma necessidade.
Além disso, a cultura de mods e fóruns comunitários transformou a lógica da autoria. Jogos narrativos baseados em decisões, como Life is Strange ou Until Dawn, abriram espaço para que o jogador sentisse que suas escolhas importavam. A partir disso, o desejo de participar da própria construção narrativa se espalhou — inclusive em plataformas fora dos jogos, como webséries colaborativas, experiências gamificadas e canais de streaming que adotam formatos de votação ao vivo para conduzir tramas.
Da margem ao centro: fãs como curadores
Hoje, são os próprios estúdios que incorporam esse desejo de participação. Jogos lançados em formato “beta” contam com comunidades que opinam em tempo real sobre mudanças, inclusive nas tramas. Episódios interativos testam reações de público antes de definir desfechos. O fã deixou de ser receptor e passou a ocupar um lugar quase editorial, guiando narrativas de dentro para fora.
É nesse contexto que surgem também ferramentas práticas de interação — sejam elas fóruns, plataformas de voto ou sistemas que permitem aos usuários monetizar suas criações. Um exemplo paralelo pode ser visto em ferramentas como o blog VBET, que documenta experiências de usuário e ensina a operar suas próprias decisões com base em navegação autônoma e personalizada.
Mais informações podem ser encontradas em:
https://blog.vbet.bet.br/inicio/vbet/como-sacar-dinheiro-na-vbet
Embora não sejam diretamente voltadas ao universo narrativo, essas soluções refletem uma mesma lógica: o usuário quer entender, controlar e influenciar os caminhos que percorre.
Riscos e ressacas da liberdade criativa
Com toda essa abertura, surgem também desafios. Nem toda história criada colaborativamente atinge coesão. O excesso de ramificações pode gerar confusão narrativa e perda de identidade autoral. No entanto, para muitos jogadores, essa imperfeição é o que torna a experiência autêntica.
Além disso, existe o risco de comunidades se tornarem reféns de decisões populares — cedendo a tendências e memes momentâneos em detrimento da profundidade. Aqui, os curadores e desenvolvedores precisam agir como bons instrutores de surf: orientar, sem limitar. Permitir liberdade, sem abdicar da visão criativa.
O mar é do jogador, mas o vento ainda sopra do criador
O novo modelo de jogos narrativos está longe de ser anárquico. Ele é, na verdade, um pacto: o criador desenha o arquétipo da onda, mas o jogador decide como surfar. A arte está justamente na imprevisibilidade — algo que a natureza do surf sempre entendeu bem.
Nesse mundo em que o digital se mistura ao oceânico, as fronteiras entre autor e público desbotam. O que resta é uma narrativa viva, pulsante, em constante mutação, onde cada jogador pode ser roteirista do seu próprio swell.