#negócios 

Métodos Práticos Para Preservar Registros de Ondas e Marés Para Futuras Gerações

A preservação de registros de ondas e marés representa um desafio fundamental para cientistas e comunidades costeiras.

28/Jul/2023 -

Estes dados, coletados ao longo de décadas, oferecem informações importantes sobre mudanças nos padrões oceânicos e são essenciais para compreender fenômenos como a elevação do nível do mar e alterações climáticas. No entanto, muitos destes registros históricos enfrentam riscos de deterioração ou perda permanente.

 

Os métodos de preservação destes dados mudaram de forma relevante nas últimas décadas. Desde os tradicionais maregrafos analógicos até os modernos sistemas digitais, cada tecnologia apresenta desafios únicos para o arquivamento de longo prazo. A digitalização de registros antigos, embora necessária, exige técnicas específicas para garantir a integridade e acessibilidade das informações para as próximas gerações.

 

Comunidades costeiras e instituições de pesquisa têm criado abordagens práticas para documentar e conservar estes registros indispensáveis. Estas iniciativas não apenas protegem dados científicos importantes, mas também mantêm a memória cultural e o conhecimento tradicional sobre os oceanos, criando um legado duradouro para pesquisadores e tomadores de decisão do futuro.

Os registros oceanográficos como base para pesquisas ambientais

Preservar registros históricos está diretamente relacionado ao progresso das pesquisas ambientais. Registros antigos de ondas e marés funcionam como diários dos oceanos. Eles mostram mudanças que aparecem ao longo dos anos ou até de séculos.

 

Um estudo da NOAA demonstrou que séries históricas de marés em arquivos digitais de mais de 100 anos permitiram identificar tendências de aumento do nível do mar com precisão. Pesquisadores usam esses dados para perceber tendências de longo prazo, como aumento das ondas e mudanças na frequência das tempestades.

 

Quando bem cuidados, esses registros ajudam a criar modelos para prever eventos como ressacas e tempestades. Em Santa Catarina, dados de ressacas dos últimos 25 anos embasaram planos de emergência sobre erosão costeira após o ciclone de 2020.

 

O estudo de séries longas de dados permite aos cientistas separar as variações naturais das alterações causadas pelas pessoas. Isso é necessário para pensar em como agir frente às mudanças do clima. Uma análise do SiMCosta mostrou que variações após 2015 estavam ligadas a ocupação humana e obras costeiras.

 

Um dos problemas comuns é que os dados estão em vários formatos. Durante muito tempo, informações foram anotadas à mão ou guardadas em arquivos digitais diferentes. O acervo do BNDO contém relatórios em papel, planilhas e PDFs, o que demanda padronização constante.

 

A Edição rápida e organização desses arquivos precisam de ferramentas certas para manter tudo funcionando junto. Para quem procura guardar arquivos com segurança, recomenda-se olhar plataformas como o Zenodo.

 

O Zenodo mantém um repositório seguro para dados científicos e ajuda a proteger arquivos técnicos importantes. Em 2022, esse repositório superou 2 milhões de arquivos armazenados, incluindo séries temporais oceanográficas brasileiras.

Tecnologias digitais para documentação de padrões de ondas

A integração de plataformas de armazenamento e edição cria novas etapas para a preservação. Transformar registros antigos, feitos em papel, para arquivos digitais é uma tarefa básica para guardar informações sobre o mar com segurança. Esse trabalho envolve o uso de scanners de boa qualidade.

 

O Projeto Acervo de Marégrafos digitalizou cadernos de registro do Porto de Santos do início do século XX. Durante o processamento desses dados, surge a necessidade de editar, organizar e padronizar arquivos digitais. Também são usados programas que ajudam a ler e transformar o texto escrito à mão.

 

O uso da tecnologia OCR pelo Museu Nacional possibilitou a recuperação automatizada de milhares de páginas com observações diárias. Hoje, equipamentos avançados ajudam a coletar informações sobre ondas e marés à distância. Boias com sensores transmitem dados em tempo real usando satélites.

 

No Brasil, a REMO opera boias que enviam parâmetros de ondas coletados ao vivo por satélite para bases de dados centralizadas. Estações automáticas na costa registram, sem parar, dados como tamanho da onda, tempo e direção. Isso diminui o erro humano e garante coleta contínua.

 

Manter padrões abertos e detalhar o contexto de cada registro é fundamental para o uso a longo prazo. Para manter os dados seguros por anos, especialistas indicam usar arquivos em formatos abertos. Exemplos como CSV, NetCDF e HDF5 são usados porque funcionam em muitos sistemas.

 

O Instituto Hidrográfico de Portugal migrou toda sua base de dados para NetCDF. Junto de cada arquivo, é sugerido guardar informações extras sobre data, local, equipamento e detalhes de coleta. Isso facilita o trabalho dos próximos pesquisadores.

Protocolos de armazenamento seguro para dados oceanográficos

A passagem das etapas digitais para ações de proteção efetiva dos registros mostra outra necessidade: armazenar e proteger os dados gerados e editados. Fazer cópias de segurança dos dados em lugares diferentes é uma forma simples de evitar perdas.

 

O método 3-2-1 é conhecido: manter três cópias, em dois tipos de mídia, e uma delas em outro lugar físico. Assim, se um computador quebrar ou acontecer um desastre, ainda haverá acesso aos dados. O Laboratório de Oceanografia da UFRN adotou essa política em 2021.

 

Registrar informações extras sobre os dados é importante para achar e usar os registros depois. Detalhes como data da coleta, local, equipamentos usados e possíveis erros ajudam muito no futuro. A equipe do SiMCosta utiliza fichas-padrão digitais integradas a cada arquivo.

 

Existem normas, como o ISO 19115 para dados geográficos, que mantêm tudo dentro do mesmo padrão e facilitam o uso por outros pesquisadores. O CEM-UFSC passou adotar essas normas em 2019 após um projeto financiado pela FAPESC, relatando maior facilidade de intercâmbio.

 

A manutenção e atualização desses dados depende também de plataformas modernas, principalmente por conta da colaboração entre diferentes centros de pesquisa. Guardar os dados na nuvem com sistemas que registram o histórico de mudanças traz várias vantagens.

 

O Zenodo gera um histórico automático de versões. Também é possível reverter arquivos caso algo saia errado e garantir que os arquivos antigos sempre estejam disponíveis. Plataformas como Zenodo, Figshare e repositórios das universidades garantem o acesso por meio de códigos digitais permanentes.

 

Para garantir que os dados continuem acessíveis ao longo do tempo, recomenda-se adotar formatos abertos. O BNDO atualiza trimestralmente suas coleções digitais, revisando fichas catalográficas e corrigindo arquivos, procedimento replicado nos principais centros oceanográficos do país.

Colaboração científica na preservação de registros marítimos

Com os dados protegidos e atualizados, existe também a necessidade de compartilhamento eficiente. No Brasil, várias redes trocam dados sobre ondas e marés para ajudar a guardar esses registros e garantir acesso no futuro. A REMO e o SiMCosta juntam informações de muitos lugares.

 

O Banco Nacional de Dados Oceanográficos (BNDO), da Marinha do Brasil, centraliza dados registrados nas nossas águas. Conforme relatório técnico divulgado em 2022, esse banco reúne mais de 4 milhões de registros digitais ativos e serve de base para centenas de projetos.

 

Plataformas colaborativas permitem que diferentes grupos chequem se os dados batem. Fazer essa conferência ajuda a encontrar erros, corrigir problemas e melhorar a qualidade dos dados. No "Projeto Rede Ondas", avaliações cruzadas entre medições corrigiram desvios em séries temporais.

 

Quando os registros vêm de formas diferentes, comparar os resultados mostra até onde é possível confiar nos números. Isso deixa as análises mais seguras. Durante revisão do BNDO em 2021, comparações sistemáticas resultaram em maior consistência de informações de marés.

 

Projetos de ciência cidadã têm contribuído para aumentar a coleta de dados na costa brasileira. Iniciativas como o "Olho na Água" e o "Ondas Brasil" ensinam surfistas, pescadores e moradores a anotar observações sobre o mar. O "Ondas Brasil" já somou mais de 3 mil observações validadas.

 

Com aplicativos de celular, qualquer pessoa pode enviar dados de lugares onde quase não há medições oficiais. O sucesso desses aplicativos motivou a expansão nacional do programa, com apoio do IBAMA, integrando dados coletados com metodologias dos oceanógrafos.

  

A Edição rápida de documentos técnicos e a preservação de registros de ondas e marés dependem de escolhas técnicas adequadas, respeito às normas e colaboração eficiente entre instituições e comunidades.

 

O uso de tecnologias digitais, estratégias de armazenamento seguro e protocolos de acesso padronizados mantém esse acervo científico disponível para pesquisadores, comunidades costeiras e gestores do litoral no futuro.