#competições #surf 

Medina volta às origens pelo tri na França e pode acirrar corrida pelo título mundial

Paulista comenta piscina de ondas, futuro, mudanças no circuito e evento único para definir campeão mundial: "Estão avaliando. Para o público assistir, vai ser legal, um negócio mais NBA e NFL"

06/Out/2017 - Carol Fontes - França

A história de Gabriel Medina se mistura com a França. Em pouco tempo, a promessa se tornou o primeiro brasileiro campeão mundial, e o caminho foi sedimentado no Velho Mundo. Aos 15 anos, em 2009, antes mesmo de se tornar profissional, ele conquistou em Les Bourdaines o King of Groms, a sua primeira vitória no exterior. Na final contra Caio Ibelli, "Medina Airlines" tirou da cartola aéreos 360º e batidas para ganhar duas notas 10 na decisão, igualando o recorde de Kelly Slater. Poucos anos depois, aos 17, quando era o mais jovem surfista a ingressar o Circuito Mundial, Gabriel garantiu em Hossegor a sua primeira vitória na elite. O bicampeonato nas águas francesas veio em 2015. Ele bateu na trave em 2016 ao garantir o vice e volta nesta temporada como um dos principais cotados ao título no beach break europeu. Há seis anos no CT, Medina conhece como poucos o palco da nona de 11 etapas do Tour, cuja janela será aberta no próximo sábado (7).

Finalista em três das últimas quatro finais em Hossegor e confortável no beach break francês, o paulista vem embalado pela inédita vitória no campeonato na piscina de ondas artificiais idealizado por Kelly Slater. O título do Future Classic no Surf Rach em Lemoore, na Califórnia, foi um divisor de águas para o esporte e abre um leque de possibilidades para o futuro. As Olimpíadas, por exemplo, podem usar a tecnologia para produzir ondas de qualidade em lugares onde sequer existe mar. O campeonato na piscina de ondas provou a possibilidades de se criar condições como as de Trestles clássico. Para Medina, foi um sonho, no entanto, ele deixa claro que oceano é insubstituível.

Medina comentou sobre a ideia de se criar um circuito à parte realizado em piscinas de ondas, assim como as possíveis mudanças no Tour, que vem sendo estudadas pela WSL. Ele afirma que o novo formato será um teste na fase inicial. Entre as modificações que podem ser implementadas, está encurtar o período da janela do campeonato, algo visto como positivo pelo surfista, assim como a realização de um evento único para definir o campeão mundial, provavelmente, na Indonésia. A estratégia é similar ao que ocorre na NBA e na NFL, com o Superbowl. Um QS com duração de seis meses, o CT começando em Pipeline, ao invés de ser o palco do encerramento da temporada, são outros pontos que vem sendo avaliados pela entidade.

Na estreia nas ondas de Hossegor, Medina terá pela frente o francês Jeremy Flores e o italiano Leonardo Fioravanti, na oitava bateria da primeira fase. O equilíbrio de forças no Tour na reta final da temporada faz da etapa francesa crucial na corrida pelo título deste ano. A chamada para avaliar as condiçõesd do mar será na madrugada deste sábado, às 2h (de Brasília). A janela vai até o dia 18 de outubro. Confira a entrevista completa com o campeão mundial de 2014. 

GLOBOESPORTE.COM: Fora do Brasil, a França foi o lugar onde o Brasil mais venceu títulos. A que se deve este fato na sua opinião e por que? Neco foi campeão em 2002, você venceu em 2011 e 2015, vice em 2013 e 2016. O Brasil também teve vitórias ali pelo QS. O que a França tem de tão especial e por que o surfe verde e amarelo se encaixa tão bem?

Gabriel Medina: A França tem uma onda boa, parecida com a onda que temos aqui no Brasil e por isso os brasileiros se identificam rápido. Nos últimos anos que competi lá, eu tive ótimos resultados e espero continuar nessa pegada. 

Você sente que a sua história com a França começou ali naquele King of Groms? Duas notas 10 na final (contra Caio Ibelli), com outros nomes que viriam a integrar o circuito. 

Como eu falei, a França é um lugar muito bom, especialmente para mim. É um lugar que eu me sinto bem, à vontade. Foi lá onde tudo começou, no King od The Groms e depois disso quando eu entrei no Tour eu ganhei a minah primeira etapa lá (2011). É uma onda que eu me identifico bem, e de resultado eu acho que é a minha favorita no Tour. 

Charlão (Charles Saldanha, técnico e padrastro de Medina) fez alguma promessa dessta vez? Ele já pulou da ponte na água gelada de um rio e deu certo em 2014, ano em que você conquistou o histórico título para o Brasil no surfe. 

Ele costuma fazer promessa quando a gente já está lá. Se estiver muito difícil, ele já faz uma promessa lá. Muito difícil ou mais ou menos... A gente vai se adaptadando na promessa (risos). Quando chegar lá, a gente descobre. 

 

Como foi surfar no primeiro campeonato realizado em uma piscina de ondas artificiais?

Foi irado, o primeiro campeonato na piscina do Kelly. Uma piscina que as pessoas já estão falando faz um tempo. Todo mundo estava esperando. O ruim é quem não pôde assistir ao vivo no dia, mas foi divertido lá no dia. É uma onda muito parecida com a do mar e eu acredito que vai melhorar mais e vai ficar mais perfeito ainda. 

Você sente que esse é futuro do surfe? Acha que no futuro, estratégias assim possam substituir as competições do mar? 

Eu acho que é o futuro, com certeza. Eu não sei se entraria no lugar de uma onda do mar, eu acho que seria uma etapa a mais que poderiam fazer, mas acho que não substitui uma onda do mar, por mais perfeita que seja. O mar é único, é difícil de falar. É uma onda tão boa quanto, mas é uma onda de piscina, não vai sair disso. 

Uma onda como Trestles clássico, no caso, já existe. Mas você acredita ser possível, no futuro, produzir uma onda parecida com Pipeline e Teahupoo? 

Não sei, aí tem que perguntar para o engenheiro (risos). 

O mar é imprevisível, não é constante como uma piscina... Vc acha importante tb ter o mar, encontrar um equilíbrio entre os campeonatos no mar e na piscina? 

O mar é único. A forças, a correntezxa é dioferente, não é aquela coisa igual toda a hora, você rema, você não sabe quando vai vir a onda, você cria uma expectativa ali assistindo, você nãio sabe o que vai acontecer. A piscina você já sabe, vai vir a onda e você vai ter que surfar, é isso. É diferente, mas eu acho que é mais emocionante no mar, porque você não sabe o que vai acontecer. 

 

Pensa em ter uma dessas em casa? No seu quintal? É um sonho? 

Pô, seria um sonho... Um sonho. Imagina? 

Animado para uma etapa do circuito em uma piscina de ondas? No ano que vem, teremos uma disputa oficial organizada pela WSL em uma piscina de ondas, a princípio, sem contar pontos para o ranking. Um teste para avaliar como seria uma etapa do CT no local. 

Pode ter. Eu acho que pode ter, mas não sei se decidiria um melhor do mundo, sabe? Um campeão mundial... Eu acho que não teria tanta força quanto um campeão nas ondas do mar, nas ondas normais. 

Como você avalia as possíveis mudanças no circuito, que ainda estão no papel, mas podem virar realidade em um futuro próximo. Circuito começando em Pipeline, provavelmente, em fevereiro, terminando em Teahupoo, evento único para definir o campeão mundial do ano com os tops 6 do ranking, quem sabe, nas ilhas Mentawai ou em outro pico da Indonésia. Um QS com duração de 3 meses... O que você pensa sobre isso?

São mudanças. No começo, vai ser estranho de se adaptar, mas a WSL tem feito isso. Todo o começo é difícil, é um teste. Não significa que vai ficar assim para o resto da vida. Eles vão testar. Na minha opinião, eu acho legal, acho bom, é um negócio diferente. Só acho que vai ser intenso uma etapa atrás da outra. Eu acho que as etapas duram muito, 15 dias nesse atual formato é muito, eu acho que poderiam fazer o tanto de dias de um QS, porque seria uma classificatória para essa grande final na Indonésia, com o período de espera maior. Eles ainda estão analisando, avaliando o melhor formato. Para o público assistir, eu acho que vai ser legal, um negócio mais NBA e NFL.

Fonte: https://globoesporte.globo.com/radicais/surfe/mundial-de-surfe/noticia/medina-volta-as-origens-em-busca-do-tri-na-franca-e-acirra-corrida-pelo-titulo-mundial.ghtml