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Marcelo Ulysséa e Élcio da Luz desbravam a mística ilha de Moleque do Sul

17/Mai/2007 - Fernanda Garcez - Florianópolis - Santa Catarina - Brasil

Marcelo Ulysséa, proprietário da K38 Brasil Segurança Náutica, estava em Jaguaruna esperando o swell previsto para o final da semana passada. As previsões mostravam ondas de 16 a 21 pés, com 10 segundos de intervalo e atiçou a vontade dos big riders da região, que estavam a postos para colocarem seus jets na água.

Na sexta-feira às cinco horas da manhã o despertador de Ulysséa mal havia tocado e ele já escutava seu companheiro de equipe, Rodrigo ` Doido` Cavalheiro, reclamar da falta de onda. Foram checar as previsões na Internet e a desanimação tomou conta, pois a previsão de ondas com cinco a sete metros de face estava furada mais uma vez.

` Voltei para cama e dormi até as 9 horas, quando os demais aficcionados pelas ondas da Jagua, colocaram os equipamentos na água para um treino nas pequenas, mas perfeitas ondas que estavam rolando. O mar tinha cerca de 2 a 2,5 metros de face e Capilé, Dê da Barra, Jacaré e outros surfista fizeram um treino para o 2º Mormaii Tow In Pro, que inicia seu período de espera em breve`, disse Ulysséa.

Ele, sua esposa Marcella e o surfista Élcio da Luz resolveram voltar para casa, 500km ao norte de onde se encontravam. Ao passar por Garopaba Marcelo lembrou de uma conversa com um pescador dez anos antes, quando o mesmo disse existir uma onda poderosa na Ilha Moleques do Sul, vinte quilômetros costa adentro e que, segundo o pescador, quebraria perfeita com o swell que estava rolando (Sudoeste para Sul e depois para Sudeste).

` Perguntei ao Élcio e a Marcella o que eles achavam e como já era fim de tarde (16 horas) a decisão final acabou ficando pra mim. Pensei: se não for desta vez, dificilmente teríamos disponibilidade durante um swell grande de checar aquela onda grande que um dia há 10 anos atrás um pescador me confidenciou existir na ilha de Moleques do Sul`, conta.

Resolveram desbravar mais um pico com potencial de ondas gigantes na costa sul do Brasil. Porém, como a decisão tinha sido de última hora, não teriam recursos para registrar a onda caso ela existisse. Decidiram ir assim mesmo.

Moleques do Sul pertence geograficamente ao Município de Florianópolis e faz parte do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. É considerado um importante ponto de reprodução de espécies. Segundo Marcelo a Ilha é de difícil acesso e a tal onda, segundo as informações do pescador, só quebrava com swell grande de Sudeste, quando sua bancada de frente fica exposta de frente para a ondulação.

` Colocamos nosso Waverunner VX 110 - quatro tempos na água já havia passado das quatro horas da tarde e teríamos pouco tempo de Tow-In até começar a anoitecer. Saímos para uma navegação picada em direção a leste, pois o vento Sul nos empurraria direto para nosso destino. Quando tínhamos a ilha Irmã de Fora a nossa esquerda pedi ao Élcio que marcasse o nosso ponto de saída em terra pela popa, pois uma chuva torrencial estava para nos atingir e poderíamos perder o contato visual com o continente. Três arco-íris brilhavam forte, um deles nascia bem em cima da ilha Moleques do Sul, foi quando nossa velocidade teve que diminuir, devido aos fortes pingos de chuva que cegavam nossa visão. Foram dez minutos de cegueira, sem contato visual com o continente, restando apenas o turvo visual da ilha`, conta Ulysséa.

O temporal passou e finalmente eles chegaram a Ilha e começaram a avistar uma espuma bem próxima a uma pedra na face sul de um rochedo, deslocado cerca de 300 metros da Ilha. Observaram brevemente a onda quebrar e se dirigiram à face leste de Moleques do Sul, onde anteriormente tinha sido identificada uma batimetria adequada na carta náutica, onde possivelmente seria o local da perigosa onda.

Os surfistas contam que o cenário era uma beleza, com centenas de pássaros em ninhos que estavam cerca de 50 metros acima do nível do mar. E as ondas chegavam 4,5 metros e explodiam tubulares e perfeitas em frente ao paredão vertical, correndo em diagonal para o canal que separa as duas ilhas maiores de Moleques do Sul.

` Surfamos ondas perfeitas de Tow-In por 1h e 20 min, que foram testemunhadas somente pelas aves marinhas que do topo do penhasco observavam imóveis nossas manobras e resgates, até que o lusco fusco começou a dificultar nossa visão. Decidimos retornar a terra, certos de que aquela laje tem um potencial para competir com a Ilha dos Lobos e Jaguaruna, entrando definitivamente para o seleto hall de bancadas que seguram ondulações grandes, podendo alcançar facilmente 10 a 12 m de face`, relata Ulysséa.

No retorno a terra tiveram certa dificuldade para encontrar a rota do canal. Codificaram a moto aquática com os bastões luminosos (verde a boreste, vermelho a bombordo e branco na popa), seguindo as cores exigidas pela Marinha para navegação noturna, finalizando com toda a segurança mais uma sessão de big surf na costa brasileira.

A K38 Brasil `“ Segurança Náutica patrocínio da Spy, Agave Hunter. Apoio da Mormaii, Nutry, Yamaha.