Lucas Medeiros relata naufrágio em barco na Indonésia

Surfista de stand up paddle estava em grupo de atletas que seguiam rumo às ilhas Mantawai e revelou que teve que pular na água para cortar a corda que agarrou na hélice de um dos barcos do resgate: "Tive que pular, são meus amigos".

04/Ago/2018 - Richard Pinheiro e Sidney Magno Novo - Sumatra Ocidental - Indonésia

Uma história de filme de terror, mas com final feliz. Foi assim que terminou o naufrágio do barco Alyssa no mar da Indonésia, que aconteceu nesta sexta-feira. Um grupo de surfistas de ondas grandes, como Pedro Scooby, Felipe Cesarano e o capixaba Lucas Medeiros estava a caminho das ilhas Mentawai, mas a embarcação sofreu um dano no casco e a partir daí começou o roteiro digno de um longa-metragem de suspense.

Surfista de stand up paddle, o capixaba Lucas Medeiros relatou todo o drama vivido nesta verdadeira aventura que quase terminou em tragédia. O começo era de empolgação, quando todos iam de encontro ao desconhecido.

- Estávamos nas Ilhas Mentawai, na Indonésia. Íamos ficar durante três meses no paraíso, surfando e fazendo imagens com outros surfistas profissionais. O problema aconteceu quando ainda não tínhamos surfado, foi na primeira travessia, da ilha de Padang pra Mentawai. Essa travessia são 12 horas navegando em mar aberto. Estávamos no meio do oceano sem terra a vista, com o mar muito agitado. No primeiro dia da viagem, logo pela manhã o capitão falou: "acordem e coloquem os passaportes em um lugar seguro, porque está entrando água no barco". Aí começamos a pedir ajuda via rádio e celular com sinal de satélite. Também fomos pro porão do barco tentar tirar a água com um balde, em forma de corrente (um passando para o outro). Conseguimos amenizar ao ponto de manter um nivel até chegar ajuda, que foi a Marinha da Indonésia. Quando eles chegaram, fomos passando algumas pessoas de prioridade pro barco maior, como alguns velhinhos da tripulação e turistas.

Um pequeno buraco no casco, que fez com que a água do mar entrasse no barco, foi o motivo do naufrágio. O desespero era grande, e com o passar do tempo e a demora no resgate, o pensamento no pior era dominante. A troca de barco era trabalhosa e algumas pessoas acabaram ficando para trás.

- No meio dessa transição, um jet ski naufragou e um barco de apoio. Três amigos ficaram à deriva no meio do mar, agarrados em pranchas e pedaços de boia. No barco, o problema foi em um trinco no casco, na junção da madeira, um quebrado médio que fez com que o barco demorasse a afundar completamente. O motor parou depois de três horas com a gente tirando água do casco, porque atingiu a parte elétrica e deu pane. Aí complicou. Saímos do barco e tentamos arrastar até a costa com o barco de apoio. Mas ele afundou e tivemos que cortar a corda que nos puxava, senão ia afundar os dois barcos. Por conta disso, cinco pessoas ficaram à deriva no meio do mar.

Mas Lucas Medeiros acabou sendo um dos heróis da expedição, pois acabou pulando no mar para poder cortar a corda que agarrou na hélice de um dos barcos de apoio. O fato foi crucial para que o resgate pudesse ser concretizado.

- O momento mais assustador foi quando a corda do barco que estava naufragando grudou na hélice do barco que estava nos resgatando, causando terror e pânico, sendo que o motor parou e se o outro barco afundasse mais poderia puxar os barcos de resgate pro fundo. Pulei na água, cortei a corda da hélice e subi. Tudo isso enquanto meus amigos estavam à deriva no meio do mar. Era vida ou morte, tive que pular, são meus amigos. Demorou mais pra resgatar eles porque o nosso barco estava parado sem poder andar e eles ficaram com uma lanterninha sinalizando à noite, durante três horas.

Todos estavam flertando com a morte e Lucas Medeiros finaliza contando o que de pior presenciou nessa experiência. Tentando ser forte para ajudar os outros náufragos, o capixaba também quase esmoreceu às dificuldades, mas se manteve firme e agora tem mais uma história pra contar. Todos os passageiros e o capitão foram resgatados.

- Foi horrível, todos vomitando e pessoas achando que ia morrer. 13 turistas e quatro tripulantes indonésio quase morreram. O pior foi ver pessoas desacreditando, pensando que iam morrer. Eu tentava reanimá-los, mas também tinha meus momentos críticos. Eu fiquei mal por causa do balanço, enjoo. Agora estou bem, Estamos numa ilha pequena, na Ilha de Talpejá. Foram só ferimentos leves, e apenas a garganta doendo de tanto vomitar - finaliza.

Fonte: Globo Esporte