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Joca Junior e Saulo Lyra faturam o Brasil Surf Master Ubatuba 2012

O potiguar Joca é o primeiro bicampeão Master, Saulo Lyra confirmou a supremacia catarinense na Grand Master e Antonio Augusto venceu a Kahuna na única vitória paulista

16/Dez/2012 - João Carvalho - Ubatuba - São Paulo - Brasil

O mar subiu e as ondas ficaram ótimas no domingo para o encerramento do Brasil Surf Master na Praia de Itamambuca, em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Os grandes ídolos das décadas de 70 a 90 deram um show e o potiguar Joca Junior conquistou pela segunda vez o título brasileiro Master, dos surfistas com 40 anos ou mais de idade. O primeiro foi em 2005 nas mesmas ondas de Itamambuca, quando o limite era 35 anos. Na final Grand Master, Saulo Lyra garantiu a invencibilidade de Santa Catarina na categoria dos que já completaram 45 anos, levando o terceiro título brasileiro para o estado. E na Kahuna, dos que passaram dos 50 anos, deu São Paulo no alto do pódio com Antonio Augusto, mais conhecido por Sapo.

"É muito bom ser bicampeão brasileiro Master, graças a Deus consegui", disse Joca Junior, logo que saiu do mar após a vitória sobre o baiano Jojó de Olivença (vice-campeão), o ubatubense Tadeu Pereira (terceiro lugar) e o catarinense Roni Ronaldo (quarto), que neste ano faturou o título Master amador da Confederação Brasileira de Surf (CBS). Joca começou bem a final com nota 9, manobrando forte de backside as direitas de Itamambuca e liderou toda a bateria.

Na última onda, ainda ampliou a vantagem, trocando o 7,5 da sua segunda nota por um 8,07 que fechou o placar da vitória em 17,07 pontos. O título na principal categoria do Brasil Surf Master valeu um prêmio de 6 mil reais, além de uma prancha Skol amarelinha que todos os doze finalistas receberam. O ubatubense Tadeu Pereira também teve um bom início com nota 8,33, mas faltou uma segunda onda boa pra somar e Jojó de Olivença terminou como vice-campeão. O baiano totalizou 13,73 pontos contra 13,50 do Tadeu e 12,33 de Roni Ronaldo, que acertou alguns aéreos nas esquerdas de Itamambuca.

"Eu sempre quis surfar ali no canto de Itamambuca, mas o mar mudou nos outros dias, as ondas vieram mais para o meio da praia e fiquei um pouco perdido no posicionamento no mar, quase até perdendo algumas baterias", conta Joca Junior. "Hoje (domingo) não, as ondas estavam ali no cantinho e foi lá que fui buscar a vitória. Já comecei com um 9 que me deu mais confiança e deu altas ondas para a direita. Eu queria uma esquerda para dar o aéreo, não veio, mas estou muito feliz pela vitória com o meu backside que funcionou bem aqui".

O primeiro bicampeão brasileiro da história da categoria Master na Associação Brasileira de Surf Profissional (ABRASP), volta para o Rio Grande do Norte com mais um troféu de campeão para sua extensa galeria de vitórias e deixou uma sugestão para o próximo ano: "Espero que no ano que vem não tenha só uma etapa, mas um circuito pequeno mesmo. Não precisa ser uma premiação alta, porque já é muito bom estar reencontrando os amigos, a galera que iniciou essa explosão que o surfe brasileiro está vivendo agora no Circuito Mundial, com a molecada quebrando no WCT. E tudo isso porque essa galera das antigas ajudou a consolidar o esporte lá atrás, então tem que reconhecer isso, quem sabe fazendo um circuito com três etapas".

Na Grand Master, os surfistas com mais de 45 anos mostraram um ótimo nível técnico e nas semifinais o carioca Sergio Penna ganhou a única nota 10 do Brasil Surf Master surfando uma onda incrivelmente bem em Itamambuca. Porém, na grande final o surfista de Balneário Camboriú, Saulo Lyra, foi preciso na escolha das ondas. Ele só surfou duas nos 25 minutos da bateria e manteve a supremacia de Santa Catarina na categoria, repetindo o título conquistado por David Husadel em 2005 em Ubatuba e por Carlos Kxot em 2010 em Saquarema (RJ).

"Ontem (sábado) eu fiz duas baterias bem boas aqui e hoje de manhã acordei, orei bastante e eu tava com a sensação de que algo bom iria acontecer pra mim", confessou Saulo Lyra. "Eu queria muito fazer essa final pra colocar uma prancha amarela dessas de prêmio no teto do carro na volta pra Santa Catarina, então o slogan era: prancha amarela no teto, prancha amarela no teto. E ter vencido esse evento, além de uma benção é uma honra, pois os maiores nomes do surfe brasileiro estão aqui".

Saulo Lyra também falou sobre a bateria decisiva: "Eu sabia que contra esses caras não adiantava eu ficar pegando qualquer ondinha, era preciso esperar a da série e fazer boa nota. Tanto que eu fiquei sentado na prancha esperando uns 10 minutos para abrir a bateria, fiz uma nota boa (9,0), voltei pro fundo, sentei, esperei, esperei, consegui um 8,33 na segunda onda e depois fiquei esperando trocar essa nota. Mas, no final dei uma marcadinha no Pedro (Muller), que precisava de 7 e pouco pra vencer. A nota era alta, mas se tratando de um adversário desse nível até um 9 ele poderia fazer, como já tinha feito um 9,67, então merecia um cuidado".

A vitória de Saulo Lyra confirmou a invencibilidade dos catarinenses na história da categoria Grand Master na ABRASP. "Eu atribuo isso ao excelente trabalho da Fecasurf (Federação Catarinense de Surf), que tem um circuito muito forte, consistente, há muitos anos, tanto que o Master está neste nível competitivo que está. Lá a gente não quer perder de jeito nenhum para não ter que pagar rodada extra pros amigos, então fazer molecagem é ótimo e fazer molecagem aos 50 não tem preço. Voltar pra casa com o título de campeão brasileiro Grand Master 2012, caramba, é uma sensação ótima".

O carioca Pedro Muller, atual presidente da ABRASP, surfou uma das melhores ondas do domingo em Itamambuca, mas faltou outra pra somar com o 9,67 recebido nessa. Ele terminou em segundo lugar com 16,17 pontos, contra 17,33 do campeão Saulo Lyra. O nota 10, Sergio Penna, também do Rio de Janeiro, ficou em terceiro lugar com 14,43 e o quarto foi o cearense Cardoso Junior, que não achou boas ondas e só fez 8,87 pontos. A premiação da Grand Master é igual a da Master e Saulo Lyra faturou o prêmio máximo de 6 mil reais.

A primeira final do Brasil Surf Master a entrar no mar foi a da categoria Kahuna. A disputa do título, que valia uma passagem aérea para a Costa Rica oferecida pela Nivana Turismo, foi acirrada e dois surfistas cometeram "interferência" na disputa por ondas com os adversários. Como penalidade, Gaúcho e Leonardo Viana perderam metade da segunda nota computada e ficaram de fora da briga pela vitória.

O paulista Antonio Augusto largou na frente com notas 7,33 e 8,17 em duas boas ondas, mas Lula Menezes quase consegue a virada no final. O único carioca na decisão da Kahuna precisava de 8,90 pontos e surfou uma bela onda, arriscando as manobras para vencer. No entanto, a nota saiu 8,57 e o título ficou mesmo para Antonio Augusto. O campeão da categoria para surfistas que já passaram dos 50 anos de idade totalizou 15,50 pontos, contra 14,84 do Lula Menezes, 5,90 do Gaúcho e 4,90 do Leonardo Viana.