Isabela: uma relação de paixão pelo mar que vai do lazer ao trabalho
A Isabela tomou o surf pra ela não só como diversão e lazer, mas também como "desafio e lágrimas". Vem conhecer a trajetória dela e saiba como ela hoje inspira e incentiva muitas mulheres a se jogarem no mar!
22/Mar/2021 - Isabela Mayara - BrasilNesse mês das mulheres, vamos compartilhar com a nossa comunidade um pouquinho sobre a história de algumas mulheres que inspiram outras a se jogar no mar. Vem saber mais da historia da Isabela, através do depoimento dela!
"Meu relacionamento amoroso com o mar começou quando eu nem sabia o que eu queria ser quando crescesse. Quando era pequena e ainda éramos em 3 irmãos não tínhamos grana, mas meus pais tinham espírito aventureiro e vira e mexe estávamos lá acampados ou em alguma casinha alugada simples no litoral de SP. Na época com menos de 12 anos me lembro de sempre entrar no mar e nunca sair, até ser obrigada por algum motivo, como comer, beber água ou passar protetor. Não me lembro ao certo o que tanto eu fazia no mar, mas pegar jacaré, virar cambalhotas e pular sobre as ondas eram minhas atividades favoritas.
Em uma das férias de escola, viajei com a minha prima para a vila Caiçara, na Praia Grande em SP e fiquei 1 mês todinho na praia, igual pinto no lixo, vivendo aquela vida tão sonhada. Por falar em sonhos eu nunca entendi o porquê de eu não ter nascido na praia e sempre indaguei isso com meus pais. Qual era o motivo de eles não terem ido morar na praia? A vida lá era tão melhor que pra mim era óbvio que todos deveriam optar por esse caminho, especialmente eles que nos levavam pra lá com certa frequência.
Aos 15 anos, namorei um surfista (meu primeiro namorado - Obrigada Senhor) que foi quem me encaminhou de vez pra esse esporte tão desafiador e maravilhoso. Meu pai vendo minha empolgação com o novo esporte comprou uma prancha pra mim: 6’4” usada pintada de azul por cima da laminação. Eu, que me achava a “tal esportista”, achei que tiraria de letra o novo esporte, uma vez que já tinha sido federada em ginástica rítmica por 5 anos e na época estava jogando Handebol pelo Clube Mesc e depois pela Metodista (SBC).
Coitada de mim, aliás, obrigada surf por ter me ensinado a ter humildade primeiro que tudo! Minha relação com o mar havia mudado. Não era apenas diversão e lazer, mas sim desafio e lágrimas! Nunca quis começar do rasinho e nem sabia que se começava de lá. Sempre ia pro fundo com meu parceiro pois não queria ficar sozinha! E apesar de não conseguir dropar nenhuma onda direito, que sensação maravilhosa era a do outside! Amava ficar lá esperando as ondas e pensando na vida...até hoje! Só era ruim quando o mar crescia muito e eu não conseguia sair rs.
Na mesma época completei meus 15 anos e não quis festa de debutante, mas sim uma viagem. Foi difícil convencer meus pais mas conseguimos fechar uma turma de 4 pessoas com um responsável (acima de 18) que nos acompanhou até Fernando de Noronha por 10 dias! A melhor e mais decisiva viagem da minha vida! Lá conheci o outro lado do oceano, o da vida sob as águas! Fiz mergulho com cilindro e apesar da dor no ouvido por falta de descompressão, senti a maior paz do mundo lá embaixo.
Foi amor a primeira vista que se estende até hoje! Vivi momentos únicos próximo de animais nunca antes vistos por mim como tubarão, arraia, uma infinidade de peixes, e até pragas como a mabuia me fascinavam. Decidi ser bióloga! Decidi nunca mais viver longe do mar! E essas decisões me acompanham até hoje e me fazem eu me aproximar mais de mim mesma!
Em 2012 fiz uma viagem solo para a Nicarágua e pra Costa Rica, de mochila nas costas, trocando estadia e alimentação por trabalho. Lá experimentei uma nova relação com o mar: de trabalho! Dei minhas primeiras aulas de surf graças a um amigo que estava montando um business em Poneloya! Foi paixão a primeira aula! Descobri que gostava mais de dar aula de surf do que de surfar em determinadas condições. A felicidade que pude proporcionar a outro alguém me contagiou. É algo instantâneo e maravilhoso.
Voltei pro Brasil e me capacitei em cursos de instrutora de Surf e Stand-up do Ibrasurf e da Internacional Surfing Association. Fundei uma escola de Surf e Educação Ambiental para ensinar esse esporte a jovens carentes da vila de Itaúnas.
Depois veio a vontade e necessidade de trabalhar especificamente com público feminino onde foco meu trabalho em conectar e emponderar as mulheres do mar, que querem aprender a surfar ou que desejam evoluir no surf. Trabalhar no mar e com o surf me faz mais completa e me conecta com a minha essência.
Programa @surfcomelas
Creio que ainda terei outras relações com o mar, que sinto ser meu lar e espero retribuir pra ele tudo que ele me oferece sem cobrar nada em troca! Devemos muito à nossa mãe Gaia e ao nosso oceano maravilhoso!"