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Hawaii For The First Time

13/Out/2007 - Kleber Batinga - Hawaii - Estados Unidos

Quando você chega ao Hawaii pela primeira vez, o cenário é o mais belo do mundo, porem as ondas assustam. Dessa primeira impressão forte ninguém escapa, ela é real, mas dizia Tom Carol que o Hawaii tem o poder de repetir essa adrenalina todas as vezes que você voltar lá e não só na primeira vez.

Porque? A resposta a essa pergunta é muito pessoal e vai depender de cada um.

Como bom leitor que sou já li alguns artigos, se não me engano um escrito pelo Silvinho Mancusi ou o Pato, onde ele fala na tensão pré Hawaii, ou seja, a TPH, onde ele diz que três meses antes quando bate o click, vou para o Hawaii, começam as reações.

Vou pedir aqui licença ao meu amigo Sidão, que é um craque, para parafraseá-lo quando num e-mail que lhe passei pedindo para comentar o meu texto sobre o Hawaii, respondeu em uma frase algo que sintetizava toda a minha matéria.

O cheiro do coral daquele lugar não sai das minhas narinas!!!

A minha primeira vez foi pesada, cheguei de tardezinha e só deu para ver as praias já meio que no escuro, no apagar das luzes. Ficamos hospedados na casa do saudoso Mark Foo, ou seja, atrás da baia de Waimea.

Acordei de madrugada, ou seja, nem dormi direito e vi da janela que estavam quebrando umas esquerdas do lado esquerdo da casa em direção a Leftovers e Laniakea. Peguei a prancha uma 6´ 7” feita pelo Mauricio Abubakir que estava na barca, uma cordinha espectro que era na época a melhor do Brasil 6 pés por 1/4 e corri para lá.

Quando cheguei à beira vi que não existia areia nessa praia, era um barranco e só pedra. Estava na fome e entrei pelas pedras assim mesmo, sem saber direito, arriscado a quebrar a prancha e a mim mesmo se uma serie me pegasse.

Entrei no mar e fui em direção a galera que estava lá surfando. Quando olhei para a beira fiquei pensando, pôrra como vou sair daqui? Bem, mas o mar estava bonito uns 4 a 6 pés havaianos e eu feliz da vida peguei a minha primeira onda no Hawaii.

Após isso entraram algumas séries um pouco maiores e eu fui varrido. A água era de um azul piscina muito transparente e eu mergulhava e via passar os borbotões de espuma por cima de mim, a cordinha espectro de 6 pés esticou até o seu limite do regime elástico, ficando com 12 pés e no limite plástico, ou seja iria partir na próxima onda.

Aproximei-me de um havaiano com a cara menos hostil que achei e perguntei: Qual é o nome desssa praia? E ele de sacanagem, para variar, me respondeu Opens, na real o nome da praia para quem conhece o Hawaii é Uppers.

Emendei, e como saio daqui? E ele: Just over there!!! Ou seja, por ali. Eu só via pedras e a essa altura já pensava em sair do mar, me fiz de bobo e mandei de novo: Sim, mas tem um canal ou dá para sair pelo lado? E ele só apontava com o dedo para as pedras e dizia: Just over there.

Mas devido a minha insistência ele falou: Espera um pouco e você me segue quando eu for sair. E eu já meio que desesperado pensei beleza.

Peguei mais uma esquerda e depois uma direita ele então ele me chamou.

Fomos saindo, ele na frente e eu atrás, na frente só pedras e o macete era o seguinte: Ele esperava que uma onda enchesse o lugar das pedras com espuma, a gente saia um pouco, a onda voltava esvaziava e a gente ficava em pé segurando a prancha, depois outra onda enchia e ai o ciclo se repetia ate´conseguirmos sair. Quando consegui sair tinha alguns cortes nos pés, mas já tinha entrado e feito a minha primeira session no Hawaii.

Porem até ai foi fácil. Depois disso fomos para Sunset e outros picos:

SUNSET –

Eu olhava de fora e achava as ondas enormes, e o nosso amigo Lapo, nosso anfitrião, falava pra gente, pô cara esse é o menor Sunset que vocês vão conseguir pegar!!! Se não cair nesse não entra em mais nenhum!!!

Eu olhava e via um cara dropando lá fora, acho que dá uns 800 m da praia e via a onda com duas vezes sobre cabeça, a altura do cara, ou seja, 10 pés havaianos e o Lapo para nos incentivar dizia que tinha uns dois a três pés.

Pensei, não vou cair aí de jeito nenhum, ainda mais com uma 6´7”. Aí depois de uns quinze minutos de luta interior pensei com meus botões, pôrra tem um canal e eu vou lá dentro só para dar uma olhada.

Ledo engano, swell de noroeste com 10 pés e eu tentava ficar na pontinha do canal. Quando vinham as series eu remava em direção ao Kauai!!! Rsrsrs. Tava muito assustado, pois de dentro d´água a impressão era de que as ondas eram muito maiores. Enquanto isso a galera local se divertia nas ondas, viravam em baixo do pico e botavam para baixo e eu não conseguia entender o mecanismo. Vim para o inside tentei dropar uma, tomei um caldo animal e sai varrido.

Aí você vai voltando no tempo e a minha próxima aventura ou desventura em Sunset foi quando um dia o mar estava flat de manhã e depois começou a subir muito rapidamente chegando a trinta pés no final do dia, e eu segui o Bobby Owens para tentar pegar uma bomba logo do lado dele que sabia tudo. Mas aí a essa altura eu já tinha uma 7´4” e a historia foi um pouco diferente e é assunto para um outro texto.

PIPELINE-

Cheguei lá depois da experiência em Uppers e cai no mar com a 6´7” e a cordinha espectro que em vez de 6 já era 12 toda fininha e tava um pipe tipo 6-8 pés perfeito.

Caí rapidinho no mar e remei em uma que devia ter uns três metros de altura voando com o lip. Voltei e tentei de novo, voei de novo com o lip, mais um susto, apesar de eu estar acostumado a surfar em fundos de pedra, que em Salvador são uma constante, ver o fundo de Pipe voando lá do alto em sua direção com o lip às suas costas não é a mesma viagem, podem ter certeza.

De novo o meu amigo Lapo que estava olhando tudo da beira falou, Klebão vamos ali para você trocar essa prancha e essa cordinha e aí me levou na antiga White Water do Taro Pascoal.

Compramos então uma 7´4” tri quilha com a back fin de encaixe e depois na Surf&Sea uma cordinha Da Kine de 8` pés X ¼” e o Lapo me falou, Klebão as ondas aqui em Pipe são muito mais fortes que no Brasil e você tem que além de remar muito forte empurrar o bico da prancha para baixo com as mãos e depois com o pé da frente senão vai voar em todas. Aí começou a funcionar.

ROCKY POINT-

Um dia chegamos lá no limite de Rocky grande que é de 10 pés, depois disso fecha tudo, tava punk, grande e com vento, mexido. Fomos para a água. O Pepê César tava filmando na beira fui pego por uma serie enorme e fiquei entre as pedras e as ondas. Tive que furar uns dez espumeirões bem salgadas e já tava entrando em desespero quando resolvi sair por cima das pedras mesmo. Essa opção me fez sorrir sozinho, pois o pânico era tanto que a descarga de adrenalina me fez rir sozinho parecendo um maluco lá dentro dagua e em frente às pedras. Saí me batendo com a prancha nas pedras cortando os pés e arrancando uma quilha da prancha.

Olhe que era só Rocky Point, considerado um playground em relação às outras ondas do North Shore, mas fica pesado também. O André Rei, nosso big rider de Waimea gostava de cair lá em Rocky, de longboard, quando estava Off Limits.

WAIMEA BAY-

Aqui está a Rainha. Estávamos um dia em Sunset subindo rápido: Eu, o Mauricio Abubakir, o Carlão Moraes, o Dentinho e o Eraldo Gueiros naquela época com 16 anos acho que na sua primeira temporada também e resolvemos ir para Waimea que tava com Pinballs ainda, porem no limite seus 12´ a 15´ pés e nossas pranchas eram por volta de 6` 7” a 6´ e 8”. Fomos para lá, caímos no mar e o único que tinha uma Heitor 7´0” ou 7`1” era o Carlão que foi entrando e logo dropando uma da serie, o Mauricio também, só que a prancha era pequena não aturou e ele tomou a vaca ali bem em cima da bolha e nada de subir.

O Eraldo estava do meu lado e chegamos a nos preocupar com o Maurição que demorou muito a subir, ele caiu bem embaixo do lip e rodou muito lá embaixo.