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Entrevista com Gabriel Medina

“Quero ser o primeiro brasileiro a ganhar o título mundial”

29/Dez/2011 - Fábio Maradei - São Sebastião - Alagoas - Brasil

Gabriel Medina ingressou no World Tour (WT) como uma das grandes promessas e logo mostrou seu grande potencial, ao faturar duas etapas (Hossegor/França e San Francisco/EUA), em quatro disputadas, ainda aos 17 anos. Os resultados não foram por acaso e ainda nesta temporada chegou ao importante 5º lugar no Pipe Masters, nas tubulares ondas de Banzai Pipeline, no Havaí.

As conquistas começaram cedo. Em 2009, faturou etapa seis estrelas na Praia Mole, em Florianópolis (o mais jovem da história a vencer uma etapa deste nível, com apenas 15 anos). No ano seguinte, comprovou que o resultado não foi acaso, ao garantir o terceiro lugar (semifinal) no mesmo evento.

A lista de conquistas conta com outros três campeonatos emblemáticos da nova geração: o King of the Groms International 2009 (com duas notas 10 na decisão), na França; o mundial Júnior, no ISA World Surfing Games 2010, na Nova Zelândia; e o Rip Curl Grom Search International 2010, na Austrália, disputado em paralelo ao evento mais tradicional do circuito profissional, o Rip Curl Pro Bells Beach.

Com contrato de patrocínio com a Rip Curl até dezembro de 2016, Gabriel nasceu em São Paulo e iniciou no surf aos nove anos de idade, num dos melhores picos de onda do País, a Praia de Maresias, onde mora, incentivado por Charles, seu padrasto, que ele chama de pai e até hoje seu grande orientador, ao lado da mãe, Simone. Seu próximo compromisso, ou seu próximo show, será em águas brasileiras, a partir de 7 de fevereiro, na etapa prime Hang Loose Pro, em Fernando de Noronha.

Acompanhe entrevista com o jovem talento:

R:Já está se acostumando com essa fama?

GM:Mais ou menos. Acho que dei uma acostumada agora. Isso é legal, eu gosto disso, a galera reconhece o seu trabalho e estou representando bem o Brasil lá fora e o pessoal está aprovando.

R:Você esperava uma ascensão meteórica? Terminar o ranking da ASP 2011 como o quarto melhor do Mundo?

GM:Foi algo que não esperava. Estou ali do lado do Kelly (Slater), dos caras que assistia nos vídeos quando era pequenininho e hoje estou competindo contra eles. Graças a Deus está dando tudo certo. Venho treinando bastante com o meu padrasto e queria muito entrar no WT, ter a chance de competir contra o Kelly, Joel Parkinson, esses caras que estou competindo. Quando tive a oportunidade não quis desperdiçar, aproveitei ao máximo e, graças a Deus, está dando tudo certo. Tive bons resultados e estou amarradão.

R:Como é competir contra Kelly Slater, Joel Parkinson, Mick Fanning, que são seus ídolos, enfrentando-os em condições de igualdade, até mesmo carimbando a faixa do Kelly?

GM:É muito louco. Como falei, não esperava tudo isso. As coisas aconteceram muito rápido na minha vida e é um orgulho estar competindo diretamente com eles, bater de frente, vencer. Estou orgulhoso de mim mesmo, saber que posso fazer isso.

R:Já conversou com Kelly, Mick? Eles falam sobre o seu surf?

GM:Já falei com o Kelly, mas não sobre bateria. A gente conversa sobre prancha, sobre onda, brinca, às vezes, sobre a mulherada (risos). É divertido.

R:Você ainda é bem novo, primeiro ano. Como foi esse início? Muita pressão ou deixou rolar, se divertiu?

GM:Deixei rolar. Todo mundo estava cobrando, porque era o meu primeiro ano de Tour. Eu não ligo muito. Sempre quando estou num campeonato, procuro fazer o meu melhor, sou muito competitivo. Tentei me divertir e deu certo.

R:Em 2012, você já vai enfrentar ondas mais poderosas. Em Pipeline, não tremeu. Como está se preparando? O que espera?

GM:Minha expectativa é a melhor possível. Vai ter Teahupoo (Tahiti), antes de Pipe (Havaí). Acho que essas duas ondas são as mais difíceis de surfar no Tour. O que tiver de vir, tenho de enfrentar. Estarei lá, então terei de representar.

R:Já surfou Teahupoo?

GM:Não, mas é uma onda que parece divertida, pelo que vejo em filmes, em internet. Espero fazer bem, vou treinar, vou antes para ver como é e vai dar tudo certo.

R:O que esperar do Gabriel em 2012, agora que terá o Tour inteiro e na condição de surfista que já venceu duas etapas, chegando com respeito. É outra história, já pode pensar no título mundial?

GM:Não sei. Quando estou numa competição, não entro para perder, porque sou muito competitivo. Quero sempre ganhar. Vou continuar treinando, com foco, e procurando fazer o melhor possível. Espero que consiga me dar bem e trazer os melhores resultados.

R:Tem alguma etapa especial, para você?

GM:Quero competir na Gold (Coast, Austrália). É uma onda irada, água quente e é de back side.

R:Você tem só 18 anos, o que espera para o futuro?

GM:Espero ganhar muitas etapas, representar bem o Brasil e quero ser o primeiro brasileiro a ganhar o título mundial.

RE essa estrutura que a Rip Curl está oferecendo para você competir com tranquilidade no Tour? Até loja com o seu nome, linha de produtos.

GM:É irado. Agora tenho minha loja, minha família me ajudando, minha mãe e meu pai trabalham aqui. Tenho de agradecer eles muito, porque é uma segurança a mais. O que eles fizeram com a gente todos esses anos foi muito bom, me ajudou bastante e só tenho a agradecer.

R:Para completar, falam que você é o Neymar do surf, por ser jovem, ter ousadia e alegria ao competir. É isso mesmo?

GM:É o que falam. É o meu estilo. Ser novo e ir para cima de todos, os mais velhos, não ter medo. Acho que é bem parecido mesmo.

Resultados de Gabriel Medina na temporada 2011

Campeão WQS Prime de Imbituba/SC

Campeão Pro Júnior de Lacanau/França

Campeão WQS 6 estrelas de Lacanau/França

Campeão WQS 6 estrelas de Zarautz/Espanha

Campeão WT de Hossegor/França

Campeão WT Rip Curl Pro Search de San Francisco/EUA

Campeão Sul-americano profissional

5º lugar no Pipeline Masters/Havaí

4º colocado no ASP Men’s World Ranking

12º colocado no ranking World Tour