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Design e Cultura Beira-mar: Hollowboard, a Embarcação que Virou Surfboard

As Hollowboards são pranchas de surf ocas, feitas em madeira com a mesma técnica de construção de cascos de barcos ou da asa de aviões. Pode parecer estranho, mas há quase 90 anos era a mais alta tecnologia em pranchas de surf

16/Set/2013 - Madeira & Água

Como tudo o que é verdadeiramente bom, esta pranchas voltaram com novos desenhos e técnicas, contrapondo-se a evolução tecnológica das pranchas de surf atuais. Estas pranchas são mais pesadas e valorizam o surf de linhas clássicas, além do trabalho artesanal do shaper-marceneiro e a beleza natural da madeira.

O surf com pranchas de madeira como as hollows é uma experiência diferente, mas muito boa. As pranchas de madeira não costumam ter a alta performance que encontramos em pranchas “de petróleo” (poliuretano ou derivados), mas são embarcações com muita dirigibilidade que dão uma sensação diferente, a madeira deslizando na água é igual faca na manteiga. O interessante é que cada madeira tem uma densidade e um comportamento, fazendo dessas pranchas uma peça exclusiva que, com os devidos cuidados duram muito tempo. Como dizem os especialistas no assunto, a madeira é algo vivo e com manutenção correta pode durar séculos!

Os norte-americanos foram responsáveis por salvar o surf do esquecimento, no início do século XX, depois de uma rigorosa colonização dos ingleses e a catequização dos nativos havaianos, o esporte caiu em desuso no arquipélago. No entanto, também descaracterizaram algumas coisas próprias do surf havaiano, transformando uma atividade de lazer e contemplação em algo competitivo e de alta performance. Nos anos 30, o surf ainda era um esporte excêntrico, mas ficava popular com a organização de clubes, campeonatos de remada a longa distancia, corridas e demonstrações publicas do surf nas ondas de Waikiki, Malibu e outras praias da Austrália e Europa. As pranchas ainda eram as ancestrais Alaias, feitas de madeira maciça, chegando a pesar mais de 80kg dependendo do tamanho e da madeira.

Nos anos 30, um jovem salva-vidas californiano e atleta olímpico de natação, Tom Blake se interessou pelo esporte e passou a praticas o surf. Logo percebeu que a prancha de madeira maciça era muito pesada, mas principalmente, não tinha flutuação suficiente, tornando-a ainda mais pesada na água. Inspirado na estrutura da asa de um avião e técnicas simples de construção naval, criou um ou craftwooden surfboards, isto é, uma espécie de casco de barco de surfar. Mudou-se para o Havaí e se tornou uma das maiores personalidade do surf no século XX. Blake continuou seus experimentos, aperfeiçoando as pranchas, sendo considerado um dos pioneiros no uso de quilhas em suas hollow boards.

Na década de 1940 estas pranchas eram muito utilizadas, sendo adotadas como equipamento oficial do corpo de salva-vidas da Austrália. Mas o avanço tecnológico do século XX foi implacável, e as novas pranchas feitas com derivados de petróleo fizeram com que as hollows entrassem em extinção. Nos anos de 1990, enquanto o surf evoluía incessantemente observou-se uma retomada do interesse por modelos antigos e formas alternativas de surfar, surgindo espontaneamente uma comunidade de shapers-marceneiros pulverizados pelo mundo.

Hoje o surf em pranchas de madeira ainda é raro, assim como encontra-las à venda. O custo também é maior, pois levam muito mais tempo para serem feitas, envolvendo riscos no projeto. Existem fabricantes destas pranchas no Brasil, como o pessoal da Siebert Woodcraft, em Santa Catarina e A Flora em São Paulo. No entanto, outra experiência interessante para os mais bem equipados é construir uma prancha por conta própria, havendo centenas de vídeos tutoriais na internet.

Um blog muito conhecido onde esta comunidade de shapers-marceneiros postam seus projetos e fotos das pranchas em ação é o blog http://woodensurfboards.blogspot.com.br/ .