COB anuncia apoio inédito ao surfe brasileiro
Silvana Lima, Tatiana Weston-Webb e Tainá Hinckel são as três atletas beneficiadas pelo projeto. Surfistas ganharão passagens aéreas, despesas de viagens e Auxílio-Atleta.
09/Mai/2018 - Flávio Dilascio e Henrique Arcoverde - BrasilO surfe brasileiro viveu um momento histórico nesta terça-feira. Após encontro realizado no Rio, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) anunciou um inédito apoio à modalidade, visando a Olimpíada de Tóquio 2020. A ação beneficiará diretamente as três principais surfistas do país. A partir de agora, Silvana Lima, Tatiana Weston-Webb e Tainá Hinckel receberão passagens aéreas e terão suas despesas de viagens bancadas pelo Comitê. As três também receberão um Auxílio-Atleta e terão à disposição toda a estrutura do Time Brasil.
- Ser uma modalidade olímpica é algo fundamental para a gente dar esse apoio. O surfe é uma modalidade muito praticada e essa é uma forma de estimular que mais meninas pratiquem surfe no Brasil. Existe um ranqueamento internacional que já começou. Essas são as três brasileiras mais bem colocadas e apenas duas irão aos Jogos Olímpicos. Elas vão continuar participando do Circuito Mundial e vamos procurar dar a melhor estrutura possível para que cheguem a Tóquio em condições de brigar por medalha - disse o diretor-geral do COB e ex-judoca, Rogério Sampaio.
O projeto de apoio foi apresentado ao COB pela Confederação Brasileira de Surfe (CBSurf), que esteve representada por vários de seus dirigentes na reunião desta terça. Num primeiro momento, a CBSurf optou por pedir auxílio apenas no surfe feminino, uma vez que o masculino possui um maior quantitativo de atletas na elite. Nos próximos meses, porém, o COB deve receber um novo projeto, dessa vez de apoio aos homens que brigarão por vaga em Tóquio 2020.
– O dia de hoje está sendo um divisor de águas. O surfe entrar na Olimpíada já foi um grande passo. A partir daí identificamos o ponto fraco, que é surfe feminino. Estou com 44 anos, a Silvana 33 e a Tainá 15. Existe um hiato. O surfe feminino ficou muito tempo sem ser trabalhado. Hoje a gente vai na raça, essas meninas são raçudas e agora com esse apoio elas têm tudo para ir ainda mais para frente - comentou Andréa Lopes, diretora-técnica do núcleo feminino da CBSurf.
Além do apoio às três surfistas, o COB também ajudará a CBSurf na organização do Circuito Brasileiro, que será disputado em quatro etapas a partir de julho.
- Esse apoio às competições nacionais é fundamental. Antigamente, quando você tinha 16, você ia para fora para correr o QS, porque nós não tínhamos um circuito forte. Esse apoio vai abrir um leque para muitos surfistas e vejo isso como o ponto mais positivo desse processo todo - completou Andréa, campeã brasileira profissional em 1999, 2000, 2001, 2003 e 2006.
Surfistas vibram com a parceria
As três surfistas beneficiadas pelo projeto vibraram bastante com o apoio que irão receber até 2020. Depois de se destacar no cenário internacional mesmo lutando para ter bons patrocinadores, Silvana Lima não escondeu a alegria ao saber que terá boa parte das suas despesas bancadas pelo COB nos próximos anos.
- Essa é uma forma de dar um conforto para o atleta. Estou super feliz com essa ajuda, sou uma menina que está sempre buscando patrocínio, hoje em dia até que estou bem estruturada, mas agora essa estrutura vai ficar melhor ainda com a chegada do Comitê. Nunca me passou pela cabeça que o surfe viraria esporte olímpico. A gente até que sonhava com isso, mas não imaginava que pudesse acontecer - disse a cearense.
Mais jovem dentre as surfistas envolvidas no projeto, Tainá Hinckel comemorou em grande estilo o aniversário de 15 anos, ocorrido nesta terça.
- Para mim é incrível estar recebendo esse apoio, principalmente por eu estar ao lado da Tatiana e da Silvana, que são atletas experientes que eu me inspiro muito. O surfe é um esporte caro, que requer apoio e, com certeza, estar recebendo esse apoio pode ser um diferencial muito grande. Agora vamos para cima. Sempre sonhei com esse momento do surfe na Olimpíada. Vou fazer de tudo para fazer parte do Time Brasil - destacou a jovem revelação.
Nascida no Havaí, Tatiana Weston-Webb fará a sua estreia como atleta brasileira na etapa de Saquarema do Circuito Mundial, a partir desta sexta. Filha de uma brasileira, a "Havaiana-Gaúcha" espera representar o país verde-amarelo nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
- Eu queria trocar a minha nacionalidade para o Brasil porque eu sabia o apoio que o país daria ao surfe feminino. Estou muito feliz com esse apoio do Comitê, e vai dar tudo certo na Olimpíada para a gente. Já pensava na naturalização há muito tempo. Decidi isso no início do ano, mas não podia falar. Quero brigar por medalha, mas antes tenho que disputar lugar com a Silvana e com a Tainá.
A corrida olímpica
Inserido no calendário olímpico de forma experimental, o surfe classificará dois atletas por país em cada naipe nos Jogos de Tóquio 2020. A classificação se dará por meio de ranking (promovido pela ISA, a Federação Internacional da modalidade) ou os três torneios válidos como pré-olímpicos: os Jogos Pan-Americanos Lima 2019, o ISA Surf Games 2019 e o ISA Surf Games 2020.
No ranking feminino, as oito primeiras se garantem em Tóquio - caso uma destas se classifique em um dos torneios pré-olímpicos a vaga vai para outro atleta. Já no masculino, os dez primeiros ao final da corrida olímpica estão garantidos nos Jogos.
Como será o apoio às três surfistas
Cada uma das três surfistas envolvidas no projeto olímpico do COB terá um orçamento diferente. Confira os benefícios concedidos a cada uma delas:
Silvana Lima
- Seis etapas do Circuito Mundial
- Quatro etapas do WQS 6000
- Uma viagem para treinamento em El Salvador
Tainá Hinckel
- Quatro etapas do WQS 6000
- Uma etapa do WQS 1500
- Uma etapa do WQS 1000
- Um Pro-Júnior
- Uma viagem para treinamento no Havaí
Tatiana Weston-Webb
- Seis etapas do Circuito Mundial
- Quatro etapas do WQS 6000
- Uma viagem para treinamento em El Salvador