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Brasileiros roubam a cena no retorno do Hurley Pro Trestles na Califórnia

Os brasileiros brilharam no retorno do Hurley Pro Trestles depois de quatro dias de ondas pequenas em San Clemente, na Califórnia, Estados Unidos.

17/Set/2014 - João Carvalho - Califórnia - Estados Unidos

Jadson André fez o maior placar do campeonato – 17,50 pontos – e Filipe Toledo acertou um aéreo “full rotation” incrível de backside na onda que valeu a maior nota – 9,83. Jadson acabou eliminado na terceira fase, mas Miguel Pupo já garantiu o Brasil na rodada das duas chances de classificação para as quartas de final da oitava das onze etapas do Samsung Galaxy ASP World Championship Tour.

Antes de despachar o surfista local de San Clemente, Kolohe Andino, no duelo que fechou a terça-feira em Lower Trestles, Miguel Pupo tinha vencido o primeiro dos dois confrontos seguidos contra a Austrália que fecharam a ótima participação brasileira na repescagem. Ele só surfou duas ondas contra Mitch Crews, já nos dez minutos finais da bateria. Mas, Pupo foi preciso com seu ataque de backside nas direitas, combinando batidas com arcos perfeitos nas ondas, sempre alongando as manobras em duas belas apresentações que renderam notas 8,17 e 8,77. Estes 16,94 pontos só não superaram os 17,50 do recorde de Jadson André.

A última chance de vitória australiana contra o Brasil era com Adam Melling, que começou forte a bateria com nota 9,17. Mas, Filipe Toledo tirou da manga um aéreo incrível “full rotation” de backside numa esquerda da série, aterrisou na parte crítica da onda que finalizou com uma batida fortíssima explodindo o lip da onda. Dois dos cinco juízes deram nota 10 e a média ficou 9,83, a maior de todo o campeonato. Depois quase não entraram mais ondas boas, mas Filipe dá outro show em uma direita mandando um aéreo de frontsite entre várias manobras para abrir 6,77 pontos de vantagem. Adam Melling só pega sua segunda onda no minuto final e recebe nota 6,10, com a quarta classificação do Brasil para a terceira fase sendo confirmada por 15,93 a 15,40 pontos.

“Eu vi o (Adam) Melling começando bem a bateria, fazendo grandes curvas e conseguindo uma nota enorme (9,17) na sua primeira onda. Então eu já sabia que teria que fazer alguma coisa muito louca”,disse Filipe Toledo, que terá um duelo brasileiro contra Adriano de Souza na nona bateria da terceira fase. “Eu vi que o vento estava bom para os aéreos e quando peguei minha primeira esquerda, eu fui com tudo pra ela. Fiquei até surpreso quando completei a manobra e ainda deu para emendar uma manobra forte. Estou feliz por receber a maior nota do evento e foi muito bom ter passado, mas já estou ansioso por mais baterias e mais aéreos”.

Atualmente morando na Califórnia com toda sua família, Filipe comandou o show de aéreos na terça-feira. O público e até os que estavam na área dos atletas vibraram com a sua manobra impressionante, que já entrou na lista para concorrer ao “Innovation Award”, prêmio especial para quem fizer a manobra mais inovadora da temporada no Samsung Galaxy ASP World Championship Tour. Apesar das boas esquerdas e direitas que quebraram durante todo o dia, o grande intervalo entre as séries acabou fazendo com que poucas ondas entrassem na maioria das baterias.

DUELO BRASILEIRO – Foi assim desde a primeira bateria da terça-feira, com o duelo brasileiro entre Gabriel Medina e Raoni Monteiro que abriu a repescagem chegando até a ser reiniciado porque não entrou nenhuma onda nos primeiros 15 minutos. Depois disso, Medina surfou as primeiras, todas muito fracas, com Raoni largando na frente com notas 3,50 e 5,17. O número 1 do mundo logo entra na briga com o 5,5 recebido em uma direita que rendeu três manobras fortes de backside. Mas, foi nas esquerdas que Medina confirmou a classificação. Primeiro voando em um aéreo rodando perfeito que valeu nota 6,17. Depois mostrou seu arsenal de manobras modernas, incluindo mais um aéreo, para ganhar nota 7,43. E ainda trocou o 6,17 pelo 6,40 da última onda para selar sua primeira vitória no Hurley Pro Trestles por 13,83 a 9,94 pontos.

“Estava muito complicado o mar lá fora”, lamentou Gabriel Medina. “No começo da bateria quase não entrou onda e só peguei umas ruins, muito fracas. Eu comecei a ficar nervoso enquanto o tempo passava, mas depois as ondas começaram a entrar pra mim e estou feliz por ter conseguido avançar para a próxima fase. É sempre chato e difícil competir contra um brasileiro, mas estamos numa competição e nós temos que pensar no nosso trabalho, sempre tentando fazer o melhor possível”.

Com a vitória, Gabriel Medina agora vai tentar vingar a derrota sofrida em sua estreia no Hurley Pro Trestles para o surfista da Costa Rica, Carlos Muñoz, que compete com uma das duas vagas de convidados na etapa norte-americana do WCT. Os dois voltam a se enfrentar na sexta bateria da terceira fase, a segunda a entrar no mar nesta quarta-feira em Lower Trestles. Se conseguir vencer desta vez, Medina já garante a liderança na corrida pelo título mundial até a próxima etapa, o Quiksilver Pro France. O único que pode tirar a lycra amarela de número 1 do ranking do brasileiro é Kelly Slater, que também passou pela repescagem para ter a chance da revanche contra o seu algoz na primeira fase, Tanner Gudauskas.

RECORDE DE PONTOS – Depois de Medina, o próximo brasileiro a competir na terça-feira foi o potiguar Jadson André, que bateu todos os recordes do Hurley Pro Trestles na vitória sobre o experiente Bede Durbidge. Em uma esquerda da série, ele já começa com uma batida muito forte no crítico da onda, encaixa mais três manobras muito boas com velocidade e arranca nota 9,0 dos juízes. Com ela, abriu 7,67 de vantagem sobre o australiano nos dez minutos finais da bateria. No sinal dos 5 minutos, Bede força Jadson entrar numa onda fraca para ganhar a prioridade de escolha. Ele fica sozinho no outside e pega uma boa direita que abre a parede para ele desferir uma série de quatro manobras bem executadas, mas a nota sai 6,77. Aí foi a vez do potiguar pegar uma direita e detonar a onda com sete batidas e rasgadas para ganhar 8,5 e fazer o maior placar de todo o evento, 17,50 pontos.

Jadson André ainda voltou a competir na abertura da terceira fase contra Michel Bourez, que já venceu duas etapas este ano, inclusive o Billabong Rio Pro no Rio de Janeiro. O taitiano pegou as melhores ondas nas poucas séries que entraram na bateria para vencer por 14,67 a 11,44 pontos a primeira vaga para a quarta fase do Hurley Pro Trestles. Jadson não teve chances para conseguir repetir a apresentação recorde da repescagem e terminou em 13.o lugar na Califórnia, marcando 1.750 pontos no ranking. Ele continua fora do grupo dos 22 que são mantidos na divisão de elite para o ano que vem, mas vai confirmando sua permanência entre os dez surfistas que se classificam pelo ranking do ASP Qualification Series.

O Hurley Pro Trestles está sendo transmitido ao vivo junto com o Swatch Women´s Pro Trestles pelo www.aspworldtour.com e o fuso da Califórnia é de 4 horas a menos de Brasília. A primeira chamada da quarta-feira para a quinta bateria da terceira fase, entre o sul-africano Jordy Smith e o australiano Julian Wilson, foi marcada para as 7h30 em Lower Trestles, 11h30 no Brasil. Na segunda do dia, Gabriel Medina pode garantir a liderança do ranking nesta etapa dos Estados Unidos se ganhar a revanche contra o costa-ricense Carlos Muñoz.

Transmissão Ao Vivo

Previsão Trestles

TERCEIRA FASE DO HURLEY PRO TRESTLES – Derrota=13.o lugar com US$ 9.500 e 1.750 pontos:

1.a: Michel Bourez (TAH) 14.67 x 11.44 Jadson André (BRA)

2.a: Adrian Buchan (AUS) 16.30 x 15.60 Nat Young (EUA)

3.a: Mick Fanning (AUS) 13.60 x 10.83 Tiago Pires (PRT)

4.a: Miguel Pupo (BRA) 11.16 x 10.93 Kolohe Andino (EUA)

————–ficaram para abrir a quarta-feira:

5.a: Jordy Smith (AFR) x Julian Wilson (AUS)

6.a: Gabriel Medina (BRA) x Carlos Muñoz (CRI)

7.a: Kelly Slater (EUA) x Tanner Gudauskas (EUA)

8.a: John John Florence (HAV) x C. J. Hobgood (EUA)

9.a: Adriano de Souza (BRA) x Filipe Toledo (BRA)

10: Taj Burrow (AUS) x Kai Otton (AUS)

11: Owen Wright (AUS) x Fredrick Patacchia (HAV)

12: Joel Parkinson (AUS) x Aritz Aranburu (ESP)

SEGUNDA FASE – REPESCAGEM – Vitória=Terceira Fase / Derrota=25.o lugar com US$ 8.000 e 500 pontos:

1.a: Gabriel Medina (BRA) 13.83 x 9.94 Raoni Monteiro (BRA)

2.a: Kelly Slater (EUA) 15.93 x 10.16 Jeremy Flores (FRA)

3.a: Taj Burrow (AUS) 12.66 x 7.87 Brett Simpson (EUA)

4.a: Kolohe Andino (EUA) 12.73 x 11.74 Travis Logie (AFR)

5.a: Aritz Aranburu (ESP) 10.43 x 10.07 Josh Kerr (AUS)

6.a: Jadson André (BRA) 17.50 x 13.94 Bede Durbidge (AUS)

7.a: Julian Wilson (AUS) 13.23 x 10.17 Dion Atkinson (AUS)

8.a: C. J. Hobgood (EUA) 15.43 x 14.50 Alejo Muniz (BRA)

9.a: Tiago Pires (PRT) 16.93 x 12.74 Sebastian Zietz (HAV)

10: Miguel Pupo (BRA) 16.94 x 12.33 Mitch Crews (AUS)

11: Filipe Toledo (BRA) 15.93 x 15.40 Adam Melling (AUS)

12: Kai Otton (AUS) 10.67 x 8.83 Matt Wilkinson (AUS)

QUARTAS DE FINAL DO SWATCH WOMEN´S PRO TRESTLES:

1.a: Stephanie Gilmore (AUS) x Laura Enever (AUS)

2.a: Lakey Peterson (EUA) x Coco Ho (HAV)

3.a: Sally Fitzgibbons (AUS) x Bianca Buitendag (AFR)

4.a: Tyler Wright (AUS) x Johanne Defay (FRA)