Australianos nas quartas de final do Billabong Rio Pro
Adriano de Souza e Raoni Monteiro ainda vão tentar classificação na repescagem que abre o último dia da etapa brasileira do ASP Tour no Rio de Janeiro
19/Mai/2011 - João Carvalho / ASP - Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - BrasilQuatro australianos já confirmaram seus nomes nas quartas de final do Billabong Rio Pro, que será encerrado nesta sexta-feira no Rio de Janeiro. Joel Parkinson assumiu a ponta do ranking com a derrota de Kelly Slater para Bobby Martinez na terceira fase. Taj Burrow foi um dos destaques do dia, com Josh Kerr e Owen Wright também vencendo as duas baterias que disputaram na quinta-feira de boas ondas de 3-5 pés na Barra da Tijuca. O Brasil ainda tem Adriano de Souza e Raoni Monteiro buscando classificação na repescagem que vai abrir o último dia da etapa brasileira do ASP World Tour na capital carioca.
A primeira vaga para as quartas de final do Billabong Rio Pro foi conquistada por Taj Burrow. Com uma variação incrível de manobras, o australiano atingiu 18,40 pontos com as notas 8,77 e 9,63 que recebeu nas duas melhores ondas que surfou na sua segunda bateria do dia. Esta marca só não superou os 19,10 pontos que o taitiano Michel Bourez somou para despachar o campeão desta etapa no ano passado, o potiguar Jadson André, pulverizando os recordes do campeonato na terceira fase da competição.
"Não está fácil achar essas esquerdas, mas estou feliz por ter conseguido isso nas minhas duas baterias", falou Taj Burrow, que já venceu a etapa do Brasil três vezes, em 1999 na mesma Barra da Tijuca, em 2002 em Saquarema (RJ) e em 2004 em Imbituba (SC).
Já a classificação de Joel Parkinson foi mais dramática. O francês Jeremy Flores liderou toda a bateria e Parko precisava de 9,03 pontos quando pegou uma esquerda da série no último minuto. Ele já dropou mandando uma batida muito forte embaixo do lip, emendou outra manobra explosiva e finalizou com um longo floater, despencando com segurança na base da onda para arrancar nota 9,73, novo recorde para o Billabong Rio Pro no Rio de Janeiro. Com a vitória, ele assumiu a ponta na corrida do título mundial.
"Em nenhum momento fiquei sabendo da situação da bateria e só descobri que tinha vencido quando já estava fora do mar", destacou Joel Parkinson. "Realmente não tinha idéia de nada e só tentei surfar o mais forte que podia. A bateria foi muito difícil e tive sorte de achar essa última onda, uma onda boa, forte e longa. Foi uma ótima surpresa pra mim, pois achava que o Jeremy tinha vencido a bateria".
NOVOS RECORDES - Se Joel Parkinson passou a encabeçar a lista das maiores notas do Billabong Rio Pro, o novo recordista de pontos é o taitiano Michel Bourez. Usando a força nas manobras de backside, ele não deu qualquer chance para o defensor do título da etapa brasileira do ASP Tour, Jadson André. Com um floater longo, uma batida vertical e outra mais radical ainda na junção de uma esquerda da série, ele ganhou nota 9,70 dos juízes. Logo repetiu a dose explodindo o lip com mais duas pancadas em outra boa onda para fechar o incrível placar de 19,10 pontos de 20 possíveis, com uma nota 9,40.
"Eu vi o Jadson tentando umas ondas mais no inside no início da bateria e resolvi me posicionar perto dele", contou Michel Bourez. "A primeira onda veio pra mim e já vi que ia ser boa, que poderia tirar uma nota boa, e foi o que aconteceu. Depois tentei um aéreo e trinquei a minha prancha, mas continuei com ela e consegui o 9.4. Ainda bem, porque não conseguia mais surfar por causa da prancha trincada e fiquei tentando apenas entubar nas ondas maiores que entravam".
Depois, Michel Bourez acabou sendo derrotado junto com o carioca Raoni Monteiro pelo australiano Owen Wright na bateria que fechou a rodada de três competidores. Bourez agora será o adversário de Adriano de Souza na disputa pela última vaga para as quartas de final na repescagem, logo após o duelo do outro brasileiro, Raoni Monteiro, com o australiano Bede Durbidge. Raoni levantou a torcida na vitória espetacular sobre o bicampeão mundial Mick Fanning no último duelo da terceira fase.
"Ganhar do Mick Fanning é muito difícil, ele é duas vezes campeão mundial, um atleta de alto nível, está sempre ganhando baterias, mas foi o meu dia consegui fazer o que os juízes queriam ver para passar a bateria", falou Raoni Monteiro.
BRIGA PELA PONTA - O paulista Adriano de Souza é o único que ainda pode tirar a ponta do ranking de Joel Parkinson no Brasil. Para isso, o australiano tem que ficar nas quartas de final e Mineirinho vencer o Billabong Rio Pro nesta sexta-feira. Caso Parko passe para as semifinais, o brasileiro só poderá empatar com ele se ganhar no Rio de Janeiro. O australiano garante a liderança isolada se chegar à final. Adriano ganhou o duelo dos recordistas da quinta-feira contra C. J. Hobgood na terceira fase, mas foi batido pelos aéreos de Josh Kerr na disputa seguinte, caindo para a repescagem junto com Bede Durbidge.
"Eu não sinto pressão alguma em estar perto ou longe da liderança", confessa Adriano de Souza. "O Kelly (Slater) é dez vezes campeão, o Jordy (Smith) é um surfista completo, então vou deixar rolar. Eu sei que esta pode ser uma boa chance de subir posições no ranking, já que os dois perderam. Mas ainda é muito cedo pra falar qualquer coisa sobre titulo mundial. Este é apenas o terceiro evento do ano e ainda tem muita coisa pela frente".
A grande surpresa do dia foi a eliminação precoce de Kelly Slater na sua primeira bateria na Barra da Tijuca. Ele até surfou um bom tubo na tentativa de virar o resultado contra Bobby Martinez, mas só conseguiu diminuir a diferença no placar encerrado em 14,50 x 14,10 pontos. O dez vezes campeão mundial continuou no mar, surfando após a bateria, o que não é permitido pelas regras da Association of Surfing Professionals (ASP). A multa prevista no regulamento é de 500 dólares para cada onda surfada e Slater foi notificado que terá que pagar um total de 5 mil dólares.
"Acho que não acordei com muita disposição, talvez tenha faltado um pouco de motivação, não sei, é difícil dizer, mas não fiquei muito chateado com a derrota e o Bobby (Martinez) mereceu a vitória", falou Kelly Slater. "Depois eu quis ficar surfando porque tinha boas ondas e ninguém na água. Desde que eu cheguei no Brasil, não tinha conseguido surfar sozinho, então quis aproveitar isso". Sobre a multa aplicada, ele deu de ombros, parecendo não se importar muito com o valor.