#ondas grandes 

Auera Auara Point. Desbravado e batizado o mais novo pico de surf cearense

Há exatamente uma semana, na terça-feira 12/03/13, um grupo de surfistas capitaneados por Marcelo Bibita partiu do Porto do Mucuripe, Fortaleza, CE

20/Mar/2013 - George Noronha - Fortaleza - Ceará - Brasil

O grupo de surfistas capitaneados por Marcelo Bibita partiu do Porto do Mucuripe em busca de uma onda, segundo informações, nunca antes surfada, ou pelo menos que se tenha registro, localizada a 4km da Costa da Capital cearense.

O ataque aconteceu durante um swell histórico que atingiu o litoral cearense onde a expedição visou não somente registrar, mas também apresentar o pico à comunidade alencarina do surfe comprovando a existência da onda bem como sua surfabilidade.

Apesar do ineditismo da façanha, a onda pode ser facilmente avistada em dias de swell. Olhando-se em linha reta perpendicular à costa, a onda quebra depois do navio naufragado Mara Hope, nas proximidades do Marina Park Hotel e muitas pessoas já a viam há muitos anos, assim como o Bibita que nos revela que desde a década de 1980 já vislumbrava da Ponte Metálica aquela onda solitária no meio do mar sonhando com o dia em que a surfaria.

Contudo, a grande distância da costa, a existência de rochas que afloram nos dias de maré baixa, ou mesmo as histórias de enormes peixes que por ali habitam, explicam o fato dessa onda nunca ter sido explorada ao que se sabe.

E depois de dedicar os últimos 15 anos de sua vida à caça do fenômeno da Pororoca, Marcelo Bibita finalmente vislumbrou a possibilidade de realizar o antigo sonho adolescente de surfar a onda misteriosa que durante tanto tempo permeou sua imaginação.

LOGÍSTICA

Swell de Norte puro, lua nova no auge, vento fraco, maré seca 0,1m e o inacreditável período de 16 a 18 segundos indicavam que esta seria a oportunidade certa para concretizar a expedição, apesar do curto tempo para o planejamento.

E apesar da enorme expectativa que criou-se em torno de toda a logística necessária para a execução do projeto (que além de outras coisas envolvia uma embarcação que oferecesse um mínimo de segurança diante da situação de alerta da Capitania dos Portos do Ceará) e das raríssimas condições climáticas e de swell, as ondas foram realmente espetaculares, chegando facilmente aos 2,5 metros sólidos na maiores ondulações da série, proporcionando drops insanos e caldos perigosos, sobretudo pelo desconhecimento do fundo, levando todos os integrantes da expedição exploratória ao delírio com aquela nova fronteira desbravada.

Todos dentro d’água exibiam um largo sorriso estampado no rosto. O que mais se escutava eram gritos de vibração e comentários do tipo: “levei um empurrão do Hulk”, ou “... você viu aquele drop?...”, “... Caraca! Que Bomba!”, “... Parece Noronha!”, dentre outros comentários não menos entusiasmados.

Naturalmente, dificuldades e imprevistos são situações comuns em projetos dessa natureza, mas o maior dos problemas enfrentados foram justamente as condições do mar, pois, as grandes ondulações dificultavam bastante o posicionamento do barco e consequentemente dos fotógrafos e cinegrafistas que tiveram que se reinventar para conseguir trazer até vocês estas imagens inéditas.

Depois de quase 3 horas de muito surf todos regressaram ao barco e promoveram o ritual de batismo do Pico onde cada componente da “barca” escreveu em um papel seu nome e testemunho, depois dataram e colocaram estas informações dentro de uma garrafa vedada e amarrada a um peso que foi lançada ao fundo do mar como uma espécie de cápsula do tempo do registro desta expedição.

O nome escolhido para o mais novo pico de surf cearense foi AUÊRA AUARA POINT, em referência à expressão usada pelos surfistas da pororoca que significa TUDO DE BOM PRA VOCÊ e em homenagear ao surfista Marcelo Bibita, que sonhou, planejou, articulou, convidou os amigos e executou esse projeto construído a 17 mãos, por aventureiros dos tempos modernos que em uma manhã ensolarada resolveram escrever mais um capítulo na curiosa e rica história do surf cearense.

Auêra Auára.

SAIBA MAIS

Essa não é a primeira vez que Marcelo Bibita promove uma incursão em busca de desbravar novos picos. No ano 2000 ele coordenou um superataque ao out side reef da praia do Beach Park, hoje conhecido como Cachoeiras do Beach Park, em uma expedição composta por lendas do surf Bonitão, Dedé Malhando, Diassis Machado, Mardônio Filho, Noélio Sobrinho, Melk Lopes, Natinho Rodrigues, dentre outros amigos e que contou inclusive com apoio de um helicóptero.

Ele também promoveu outras expedições em meados dos anos 1990 realizadas no intuito de desbravar e explorar out side reefs na Costa Oeste cearense como os Baixos do Pecém e os Outsides do Paracuru. A presença de atletas como Adilton Mariano (ainda uma criança com apenas 11 anos), os potiguares Adson Araújo e Viviane Maria e amigos freesurfers como Mardônio Filho, Bonitão, eu (George Noronha), Mestre Metrô e os lendários Sem Serebro Raul Carvalho e Diassis Machado sempre foram a marca registrada desse verdadeiro gurerreiro do surf cearense.

Esse projeto só pôde ser realizado devido ao importante apoio de todos os amigos que dele participaram. Os surfistas profissionais Ícaro Lopes, Diego Mendes e Artur Silva. Os freesurfers Ciro Costa (Cientz Comunicação), Mardônio Filho (Revista Beach Show), Dion Filho (Bar do Capitão) e Junior Ferreira (Intersurf). Os bodyboarders Melk Lopes (Made Pratas), Tom Santiago (Car Point), Dudu e Just (Afloat). Os fotógrafos e cinegrafistas Guilherme Duarte (AQUAX) e Ednardo Lima (Blog Manobra Radical). À equipe da Pranchão Surf Shop, Rose Nobre, André Costa e Ricardo Arruda. E ainda o repórter do Globo Esporte-CE e também surfista Marcos Montenegro.