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Salvador - Bahia - Brasil

A arte de surfar em pé

Guga Moreira

Estava vendo um filme, personalities, aconselho a todos os amantes do surf clássico a assistir, ao ver um surfista surfando sem praticamente dobrar os joelhos tive varias exclamações, a primeira claro, quem era: Jimmy Gamboa, pra quem não conhece ele é um local de Malibu, reduto do surf sem cordinha, afinal as ondas são perfeitas! Logo pensei, o surf desse cara é único no mundo, tem estilo, dirigindo seu próprio cadilac, alias, essa era a sensação ao vê-lo surfar, sem pressa, interagindo com a onda, quase que uma dança ou o momento exato de um artista esculpindo sua escultura, harmonia, sabedoria, compreensão seriam outros adjetivos para aqueles momentos registrados em vídeo!

Ao ver momentos como esses comecei a mudar minha percepção do surf, a diferenciar as ondas, boas de ruins, rápidas e lentas, gordas e cavadas, enquanto que quando surfava de pranchinha, 6.2, era mais instintivo e acabava errando muitas manobras por fazê-las nos tempos errados, sem muita consciência depois comecei a surfar de pranchão uma 9.0, passei um ano na fase de transição, mas sempre surfando no estilo shortboard, então passei a ver filmes e surfar com as 9.6, 9.8, 11, etc. , sempre achando que o mar tava malibusinho, meio metrinho perfeito aqui de Salvador no pico do SESC mais especificamente, melhor pico da cidade para surfar sem cordinha quilha 9` ou 10`, 9,6 clássica, maior parte do ano as ondas são gordinhas e não tem por que surfar de LONGBOARD, matando barata ou dobrando os joelhos e mexendo os braços sem parar, aqui no SESC você vê de tudo, nos dias críticos chega a 60 cabeças só de Long mais uns 20 corajosos de shortboard.

Dentre a galera das pranchas grandes vemos: o indeciso, cada dia vai com uma prancha diferente; o pranchinha disfarçado, não desgruda a base gigante e nunca fez uma viagem para o pais bico; o queixão brother, só queixa dos amigos; o coroa gatinho, só surfa de sunga e as vezes vai de pranchinha porque não pode largar ela; o eterno aprendiz, toda vez que joga a prancha em alguém diz, estou aprendendo; o comando da madrugada, as 04h15min da manhã liga acordando os amigos, da pra escrever um livro de tantos, o mais interessante que todos estão na mesma barca, vivendo do surf, fazendo o sangue correr nas veias com mais intensidade, todos se divertem, o retroside, o quixao, o marrento, o dono da praia, o atleta, as meninas, esse é o surf comunitário, o Longboard é como um carnaval, misturas de raças, advogados, professor de surf, médicos, músicos...

Ao surfar de pranchão temos que ter mais cuidado como se estivesse dirigindo um carro grande bem caro, Cadillac, por exemplo, pela nossa segurança e pela segurança de todos que estão dentro e às vezes até fora da água, suas curvas são mais lentas e de maior envergadura fazendo com que demore mais o tempo de reação, controle da situação é o que mais valorizo quando estou surfando, pensar rápido para reagir a tempo nas seguintes seções da onda, saber diferencias e usar as 3 partes da prancha, fundo, meio e bico, usar apenas a caminhada sobre a prancha para acelerar ou freiar a prancha, usar as bordas da pranchas pra manobrar ao invés de dobrar os joelhos para isso, são vários detalhes, sendo que muitas coisas podem ser inventadas pela grande área que temos para trabalhar com caminhadas, de frente de costas de lado, base trocada... dentro disso tudo também podemos concluir que é simples surfar num Cadillac, basta surfar com controle e segurança pra não bater e usar sua criatividade sem se prender a nada, surfe da forma que achar melhor, eu gosto do Clássico e você?

Guga Moreira ( Campeão Baiano de Longboard 2006, Categorias Clássico e Super Máster )

Professor de Surf ( Escola Acasurf )

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