A 200 Km/h por um fio e a um passo da Califórnia

Meu nome é Raissa, me chamam de Cissa Reis, tenho 21 anos, e nasci no Rio de Janeiro, atualmente morando no estado do Espírito Santo, amém

07/Out/2013 - Cissa Reis - Vitória - Espírito Santo - Brasil

"Fazem alguns dias que eu acordei sem saber exatamente o ponto de partida, foram anos pra se pensar o que fazer com um sonho, ir pra Califórnia, estudar lá, conhecer a cultura e evoluir como pessoa, mas algo estava faltando. Então vou contar como realizei o primeiro de muitos sonhos pelo mundo.

Tudo começou a uns 4 anos atrás, quando meu pai se mudou pra um prédio em frente á um pico de surf, mas preferi optar pelo skate, sempre via a galera surfando da varanda, os famosos "locais", aquelas ondas enormes, que eu jamais imaginei que as enfrentaria. Até que meu pai me comprou uma funboard, há dois anos atrás, e eu descobri aonde pertenço, meu primeiro drop olhando pra parede foi espetacular, parecia que eu "fazia downhill na gelatina", esse foi o primeiro sentimento. Muito infelizmente, logo após começar, quebrei o fêmur esquerdo numa descida Downhill skateboard, fiquei 2 meses numa cadeira de rodas, e depois de muleta até ser liberada, por um fio não perdi os movimentos, o que mais doeu, foi o pensamento de não poder dar continuidade ao que eu tinha descoberto ser uma dádiva de Deus pra mim, presente dele, pra eu melhorar como ser humano, o surf, pra minha alma.

3 dias após ser liberada da muleta fui com a minha funboard em um local de ondas pequenas, e la duvidei de mim mesma se ficaria em pé na primeira onda, e foi com tudo, minha primeira onda após a fratura, fui em pé até a areia senti que dava pra ir mais além.

Foi quando troquei minha funboard por uma 5'11 em menos de um ano e meio, e percebi que estava evoluindo e que podia mais e mais, ser melhor que ontem.

Tudo isso me fez sair em busca de uma nova onda, aquela que me colocasse pra cima, aquela que me fizesse evoluir e quebrar o fato de que só por quê eu quebrei o maior osso do corpo, eu não poderia fazer o que eu amo fazer, mesmo que tenha pouco tempo. Comecei a traçar a onda lentamente descobrindo novos equilíbrios, novas agilidades, novas formas de fazer com que o difícil se tornasse fácil e um momento de paz pra mim. Foi quando fui pra Califórnia, e lá conheci vários lugares dentre Venice Beach, San Francisco, Santa Barbara, Los Angeles, e morei em San Diego, Pacific Beach. Pertinho de ondas perfeitas e fáceis! Valeu os 85 dólares de ida, e os 85 dólares de volta pra levar minha prancha pra lá. No fim da minha jornada, eu já havia evoluindo, conhecido uma nova cultura, absorvido novas experiências, a respeitar e a ser respeitado, e mais importante que isso, aprendi que nesse mundo não se deve julgar uma outra pessoa, por quê você só depende de si mesmo pra poder julgar no mínimo, a si mesmo.

Meu dia mais feliz, beirando todos os outros que surfei TRESTLES foi o dia em que toquei um filhote de foca, nadei com 60 focas ao meu redor. Gigantes cara, do meu tamanho, naquela água gelada! ô Delícia... hahahahaha

Bom, a experiência foi maravilhosa, e quero viajar muito ainda em busca de ondas e coisas novas para mim e minha família.

Hoje, já evoluindo e diminuindo o tamanho, ganhei uma prancha 5'7 do meu já sócio e patrocinador Renato Larica, que faz as pranchas pra mim. Estou curtindo muito surfar em pranchinha estilo skate, borda larga, rabeta squash e pequena, mas mesmo assim com um bico beeeem envergado , do jeitinho que eu curto! Não foi o fêmur que me parou, não foi o medo que me parou. Nesses 2 anos de surf tenho me esforçado pra trabalhar na minha calma e equilíbrio tanto corporal quando mental, o que é muito importante que todos tenham, não só os surfistas.

Há 200km/h sigo minha jornada, não sei pra qual lado ela vai, só sei que continuarei persistindo em todos os meus desejos pessoais e interpessoais, para que tudo nessa minha vida cheia de obstáculos, chegue ao "the end" de missão cumprida. E espero aprender muito ainda."

Aloha! Cissa Reis.

Instagram: @CissaReis