Surfistas protestam na porta da Vale, em Vitória

Eles fizeram buzinaço por causa da lama em Regência.

30/Nov/2015 - Iara Diniz - Linhares - Espírito Santo - Brasil

As pranchas que cortaram muitas ondas no mar de Regência carregaram na noite desta quinta-feira (26) a indignação de dezenas de pessoas. Mais de cem motoristas desfilaram com elas em carros pela orla de Camburi, em um protesto que terminou com buzinas na porta da Vale, uma das donas da Mineradora Samarco.

O protesto começou às 21h. A maioria dos manifestantes eram surfistas, que viram o maior ponto de surf do Estado ser tomado pela lama nos últimos dias. “É de partir o coração! O mar de Regência tem uma das melhores ondas do mundo. A gente sempre lutou por este reconhecimento. Infelizmente ele veio depois da tragédia”, declarou o diretor de cinema e um dos organizadores da manifestação, José Augusto Muleta.

Durante todo o trajeto, Muleta carregou uma garrafa com uma amostra da água do mar de Regência. Ele pediu punição para os responsáveis e esforços sem medida para recuperar o dano ambiental.

“Vamos cobrar ações, atitudes do poder público e privado. Estamos vivendo uma cena de morte nos nossos rios e agora no mar. O habitat está sendo destruído e nós não podemos aceitar que ninguém faça nada para reverter. Não foi acidente, foi um crime”, destacou.

Crianças, adultos e famílias inteiras participaram do protesto. O corretor de café Cláudio Paixão, 50 anos, foi com o filho Cláudio Teixeira Paixão, 23 anos, para as ruas. Ambos surfistas, eles lamentaram as consequências espalhadas pelo país, do rompimento das barragens em Mariana, Minas Gerais.

“A nossa revolta não é só pelo surf ou pelo mar de Regência. É pelas famílias de pescadores e centenas de pessoas que moram lá. Pelos peixes que morreram, pelo modo como a água está. O surfista é o defensor da natureza”.

A campeã mundial de Bodyboarding, Neymara Carvalho, também participou da manifestação. Ela levou a filha, de 9 anos, e alunos do instituto que comanda. A atleta, que cresceu pegando ondas no mar de Regência, sonha ver o local se tornar um grande centro de surf.

“É muito triste ver a ganância do homem refletindo no meio ambiente. Regência era o Havaí capixaba, o nosso orgulho. Vamos cobrar atitudes sérias para recuperar nosso mar. Não vai ser fácil, mas eu tenho esperança de voltar a pegar aquelas ondas”, declarou.

O outro lado

Em nota, a Vale informa que respeita o direito constitucional de livre manifestação. A empresa reforça que, desde o último dia 5, quando houve o acidente nas barragens da Samarco, em Mariana (MG), está concentrada em oferecer total apoio e assistência às equipes envolvidas no resgate e atendimento às famílias afetadas, nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

Ainda na nota, A Vale ressalta que que não medirá esforços para apoiar as ações emergenciais nestas localidades, bem como ajudar na recuperação ambiental do Rio Doce. Mais informações sobre as iniciativas de apoio à Samarco podem ser obtidas no site www.valeesclarece.com.br

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