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Florianópolis - Santa Catarina - Brasil

Surfista Espancado por Policial em Campeche

G1 Santa Catarina

Homem de 44 anos foi agredido por outros quatro, sendo um policial, que é um dos líderes de grupo que restringe o acesso de surfistas de fora.

Um surfista de 44 anos foi agredido por quatro homens no mar do Campeche, praia da região Sul de Florianópolis, por 'pegar uma onda' em um local que era de 'propriedade' dos surfistas locais. Um dos suspeiros de agressão é o policial militar Elton da Silva Pires, que teria se sentido ofendido após uma colisão de pranchas no mar, segundo a vítima.

O flagrante registrado em vídeo por um banhista ocorreu no dia 5 de agosto. Alessandro Castro, conhecido como Rato, teve quatro pontos no rosto e diversas escoriações no corpo. Segundo o homem, a confusão começou no mar. "Quando levantei após a batida [de pranchas] perguntei pra ele: você não me viu? E ele me falou foi o seguinte: primeiro eu'.

"Fui perseguido por três e mais um de jet ski dando cobertura. [Ele] me trancando para os outros me alcançarem. E ainda tentaram me afogar", afirmou Rato, que registrou um boletim de ocorrência.

O policial Pires, que não quis falar com a reportagem, também fez B.O., alegando ter sido agredido por Rato e que lesionou dedos. Segundo depoimentos, Pires é conhecido como um dos líderes de um grupo local que restringe o acesso de surfistas ao mar.

Surfistas armados

O grupo teria outros dois policiais. "Eles entram na água já intimidando pra arrumar confusão", disse um homem que preferiu ficar no anonimato. "Na maioria das vezes [eles estão armados] sim. E é dessa forma que eles intimidam os surfistas de fora. Incitam vandalismo para quebra de carro, para nunca mais você voltar, familiares e tudo", diz.

Localismo

Surfista 'de fora' é considerado um esportista que não nasceu ou não costuma frequentar a praia. O movimento histórico é conhecido no surfe como localismo. Segundo Rato, ele costuma surfar em Florianópolis há mais de 30 anos. Entretanto, ele não é morador do bairro Campeche. 

 

O surfista Kiko denuncia a situação corriqueira. "Uma agressividade violenta, de bater, cercar, quebrar a prancha, puxar a cordinha". Ele reafirma que a praia é dominada por um grupo que é comandado por um líder, 'um surfista antigo na região da comunidade', mas preferiu não revelar o nome.

A reportagem da RBS TV, após duas semanas de investigação, chegou ao nome de Adilson Vieira, de 52 anos, que tem o apelido de Cupim. Segundo ele, moradores da região têm preferência no 'pico' do surfe. "No mínimo, em um dia bom, tem 30, 40 caras da praia. Eles não vão deixar um cara que eles mal conhecem entrar na onda".

Questionado sobre o localismo na praia, fez a comparação: "[Tu] tá no teu trabalho, tá chegando um cara novo, ele vai pegar tua cadeira boa? Tu não vai deixar. É do ser humano isso", conclui.

Investigação

A Polícia Civil informou que um termo circunstanciado foi aberto para investigar o caso da agressão na Praia do Campeche. A Polícia Militar instaurou um inquérito pra investigar a conduta do acusado.

"Só por base aquilo que está no vídeo, me parece uma atitude injustificada né.[...] Fica caracterizado o ato indevido por parte do ou dos policiais militares. Nos vamos tomar todas as providências do âmbito disciplinar e até criminal se for o caso", disse Gelásio Pires, sub-comandante da PM.

Reportagem reproduzida do site G1

Video: Em disputa por melhores ondas, surfistas são agredidos na praia do Campeche, na capital

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