Presidente da WSL promete arcar com custos e buscar justiça por Ricardinho
Paul Speaker saiu de Nova York para acompanhar despedida, e garante que a família do surfista terá apoio irrestrito da Liga Mundial de Surfe, inclusive com advogados.
23/Jan/2015 - GloboEsporte.com - Santa Catarina - BrasilO mundo do surfe está unido na busca por justiça após a morte do surfista Ricardo dos Santos, o Ricardinho, que morreu na última terça-feira após ser atingido por dois tiros na Guarda do Embaú, no Palhoça, na Grande Florianópolis. Quem garante isso é o presidente da Liga Mundial de Surfe (WSL), Paul Speaker, que veio ao Brasil para acompanhar o caso e dar apoio à família de Ricardinho. O dirigente ainda afirma que os familiares terão apoio inclusive financeiro para que os culpados possam ser punidos. Speaker se disse muito abalado com a morte de um “grande membro” da família do surfe.
- Saímos dos Estados Unidos assim que soubemos e chegamos logo depois do enterro. Nós passamos muito tempo com a família ontem, na casa do avô do Ricardo. Para nós, o ponto principal é que isso atingiu a todos nós. A Liga Mundial de Surfe é uma família e o Ricardo era um grande membro dessa família, e nós perdemos ele. E como com qualquer perda familiar, as pessoas viajam para onde os familiares estão e dão apoio. Além disso, era importante virmos para garantir que a verdade seja contada, fazer com que os recursos para a família fossem dados, e ter certeza de que a justiça seja feita. É importante para a gente, e muito importante para mim, pessoalmente, ver a família e ter certeza de que eles saibam que nós pagaremos os advogados para esclarecer exatamente o que aconteceu. Que não haja dúvidas. E talvez esse seja o começo de uma mudança de como a gente reage a esses crimes. Talvez a investigação desse crime esclareça o envolvimento exato do policial. É muito importante para nós deixarmos claro para a família do Ricardo que estamos os apoiando. Isso é uma tragédia e precisamos ter certeza que a verdade foi contada - afirmou.
Nesta quinta-feira, o Instituto Geral de Perícias (IGP) de Florianópolis confirmou que Luis Paulo Mota Brentano, o policial militar de 25 anos suspeito de atirar em Ricardinho, teria ingerido álcool no dia do crime. O laudo toxicológico do órgão, no entanto, não detectou a presença de outras drogas.
Em uma das versões do crime relatada para a Polícia Civil, o PM estaria consumindo drogas em frente à casa do surfista, o que teria causado do desentendimento entre os dois. A tese foi contestada pela defesa do suspeito, que alegou que o cliente não usa tóxicos. Com o laudo toxicológico em mãos, o delegado Marcelo Arruda, responsável pela investigação, dará prosseguimento ao inquérito policial.
- Ele não estava na água. Poderia ser o seu irmão, meu filho, filho de qualquer um, ou um de nossos amigos. Foi aleatório, sem sentido algum. E tocou muito meu coração quando encontrei com a família ontem, que perdeu um filho tão jovem e com um futuro promissor. E que foi absolutamente um dos indivíduos mais queridos com quem já tive contato, que foi além das nacionalidades com os amigos. E ele foi tirado de nós. É uma vergonha. Temos que ter certeza de que a perda dele não foi em vão. Que a família na verdade tem algo para lembrar e para levar em frente como legado. A primeira parte é entender exatamente o que aconteceu e identificar todos que estavam envolvidos na morte desse jovem. Nós temos que levar a fundo isso e ser firmes. E ter certeza de que mesmo com a perda nós podemos ter o espirito do Ricardo como um exemplo para garantir que isso não aconteça de novo - afirmou Paul Speaker.
O corpo do surfista Ricardo dos Santos foi enterrado pouco depois das 12h desta última quarta-feira, no cemitério de Paulo Lopes, na Grande Florianópolis. O velório ocorreu desde 23h de terça, no salão da Paróquia Santa Terezinha em Palhoça, onde o atleta nasceu e morava. O Hospital Regional de São José, na Grande Florianópolis, informou que as córneas de Ricardinho foram retiradas na tarde de terça e serão doadas. A direção do hospital esclareceu que, por não ter ocorrido morte encefálica, e sim parada cardíaca, os demais tecidos e órgãos não puderam ser aproveitados para doação.