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Philippe Mettout - Um homem numa missão. (parte 1)

06/Set/2007 - Kleber Batinga - Hawaii - Estados Unidos

O francês Philippe Mettout é uma usina de novas idéias e de sonhos para o futuro do nosso universo Surf. Uma nova era onde o Surf seria alçado às estrelas. Uma profunda mudança do surf do Planeta que só o tempo dirá. Porém quem imaginaria que o Tow In chegaria aonde chegou há quinze, vinte anos atrás?

O futuro sempre nos surpreende e assim continuará sendo principalmente na cabeça de quem é capaz de sonhar e empreender construindo, esses tem a capacidade de mudar o mundo.

Se você pensar que é fácil chegar ao Hawaii e se estabelecer, mesmo como um Zé Ninguém, eu lhe digo, não é fácil não mano.

Agora você chegar lá e construir uma carreira de sucesso, um nome ou um pequeno império feito de sucesso, coisa somente destinado aos locais ou para quem tem muito dinheiro, pode esquecer. Porem Philippe Mettout fez isso, e posso lhes garantir que não é fácil não!!!

Apesar de ir ao Hawaii por quase 25 anos só agora em 2007 é que conheci o Philippe através do meu amigo havaiano o Joseph, um local super gente boa que adora surfar em Laniakea e Waimea.

Acabei ficando amigo do Philippe e entre uma cervejinha e outra na sua casa em Rocky Point ele me contou a sua historia e planos para o futuro, que achei extremamente interessante, e aqui estou repassando para a galera do surf.

Aqui ele conta a historia da sua vida cheia de surf e emoção os seus planos e sonhos para o futuro:

Como o Surf entrou na sua vida?

Comecei a surfar no Marrocos em 1982, sou de Paris, sai de Paris no inverno e fui para lá para ver o nascer do sol e toda a vida que aquela nova terra com mais calor poderia me oferecer.

Quando cheguei lá eu vi o Rory Russel surfando em um mar grande em Anchor Point, um dos melhores point breaks de direita do planeta. O renomado fotografo Bob Harbour fazia as fotos do point e eu olhava de queixo caído o Rory com uma lycra e sua prancha vermelha com aquele tradicional raio amarelo, Ligthining Bolt.

As ondas estavam enormes, tinham 12 pés, quebrando a quase um kilometro da praia, e o Rory surfava sozinho, destruindo aquelas ondas com um back side animal.

Eu nunca tinha visto aquilo antes e fiquei de cara, me apaixonei pelo surf, me apaixonei não, fiquei desorientado e decidi que a partir daquele momento a minha vida iria mudar para sempre. Eu estava viajando!!! Eu nem de longe imaginava que era possível se fazer aquilo tudo em uma onda ou na vida!!!

Em seguida voltei a Anchor Point por 2 invernos, quase me afogando por duas vezes.

Nessa oportunidade conheci o Bobby Owens e seu fotógrafo da Florida, e o Bobby disse que se eu quisesse realmente surfar eu teria que ir para o Hawaii onde ele vivia com a sua mãe em Sunset e que me ajudaria caso fosse necessário. Enchi-me de coragem e assim eu cheguei aqui em setembro 1984, comprei uma camionete e por um ano vivi em cada praia do North Shore amarradão.

Eu tinha meu cantinho sob uma árvore, com água fria e o chuveiro dos sanitários públicos das praias do North Shore.

Esperava e depois que todos iam para casa, eu tomava meu banho. Comia no final do dia cinco saimins por um dólar no Foodland, bastantes para dois dias, e o surf diário o dia inteiro.

No verão eu ficava no estacionamento na frente da marina em Ala Moana todo dia, por todo o verão, por muito tempo. Os locais eram caras casca grossa e davam a maior dura, principalmente em quem queria pegar onda.

Havia um restaurante que servia espaguete na Kuhio Avenue em Waikiki, tudo que você podia comer por 2 dólares era um molho de tomate, e eu estava lá a cada noite.

Após um tempo, quando eu tinha surf demais e nenhum trabalho, eu tive que vender a camionete, e fiz alguns trabalhos tipo shit jobs, limpeza de tapetes e carpetes, o cara do barra-barra nos ônibus, dish washer, pintor, carpinteiro de tetos ou roofer, jardineiro, T'shirt e etiqueta / serigrafia.

Eu tinha que dormir na frente dos parques públicos por um tempo, enquanto o meu amigo, do Marrocos, dormia na grande árvore atrás da estátua do Duke Kahanamoku na praia do Waikiki.

Construiu um tablado, cara bom, imagine isto, você morando em cima de uma arvore em plena Waikiki sobre a cabeça do Duke, lá em cima da arvore, ninguém poderia vê-lo lá, ninguém soube.

Em seguida eu trabalhei na praia em um catamaran turístico que fazia passeios da praia de Waikiki ao Diamond Head, eu estava vivendo no barco.

Era como ter meu próprio apartamento na praia de Waikiki, com todas as meninas direitas lá. Era o maior catamaran do quintal dos fundos de Waikiki e tinha 70 pés. Nós o usávamos para competir com os outros barcos em dias realmente ventosos, e em mares de 8 a 10 pés o vento enchia as velas em torno Diamond Head. Nós os usávamos para travar longas batalhas náuticas em ondas longas em torno de uma milha em torno do canto no Diamond Head, voando pelo primeiro lugar e com públicos de toda a maneira em Publics.

Algumas vezes rebocado por uma corda atrás do barco, quando você está assim envolvido de forma inteira, você não vê o vôo do barco da vida e não vê o tempo passar.

Eu também entrava sempre em conflito com o shit dos beachboys, especialmente acho do Bobby, que morreu a semana passada, - que Deus o tenha - para dar lições do surf, na parte detrás de Waikiki, então era somente eles que podiam fazer aquilo, ou era guerra.

Os outros capitães do barco na praia de Waikiki começaram a ficar putos quando me viram falar a todos os turistas na praia de Waikiki e me ver todas as vezes na praia com um barco cheio, quando viram tinham apenas poucas pessoas nos seus barcos pois não conversavam com os turistas, e os barcos ficavam totalmente vazios toda a hora.

Assim marcaram uma linha na praia e disseram ao capitão de meu barco, Manny, "se o Philippe falar aos turistas em nosso lado da linha, do Hyatt ao hotel cor-de-rosa, ele teria a guerra, teríamos briga e guerra, lutariam e iam nos foder, os huis assim diziam!!!, Você caras tem do Hyatt à praia de Publics "

Aquilo tudo era bullshit e nós não nos incomodamos. Assim nós fizemos um período de funcionamento à meia-noite, depois que todos aqueles locais iam para casa após a velejada do pôr do sol e nos tivemos toda a praia, muitos casais em lua de mel, muitas gatinhas, muitos clientes só para nós.

A vida era boa. Em seguida eu trabalhei como um escravo da câmera de vídeo para uma companhia de mergulho que entra em navios afundados, 110 pés para baixo, 20 minutos de descida, para turistas japoneses. Eu estava mergulhando com muita freqüência nas curvaturas da estrada Na Pali e começava a ter bends mesmo.

Eu tinha 21 anos quando eu cheguei aqui, antes disso eu fui trabalhar na Alemanha quando eu tinha 17 anos, fiquei um ano e decidi que era muito frio, desejava lugares mais ensolarados.

Sua idade, filho, família?

Tenho 44 anos, minha esposa é de Osaka, Japão, veio alugar uma bicicleta quando eu tinha a minha primeira loja em Waikiki e não nos separamos mais, estamos juntos até hoje e temos um filho.

Eu a conheci logo depois de eu desistir do barco e do mergulho, quando vi um enorme tubarão tigre bem pertinho de mim. Foi a ultima vez, eu parei no dia seguinte, nunca mais mergulhei outra vez, penso muito na minha família.

Anos de surfe?

Desde 84, quase todo dia.

Lugares em que você já surfou?

Eu surfo no Hawaii onde vivo, mas já surfei também em Bali, Java, Lombok, Formosa, Japão, França, Marrocos, Califórnia, Florida, México, Costa-Rica, Porto Rico, Dubai, Tahiti, Guam, Kauai, Big Island, Maui e Molokai.

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