Mick Fanning vence Mineirinho e toca o sino pela quarta vez em Bells Beach

Além de ter colocado frente a frente dois grandes conhecedores das ondas de Bells Beach, a segunda etapa do Circuito Mundial de 2015 também valia a liderança do ranking, até então, nas mãos de Filipe Toledo. De um lado, estava o "aussie" Mick Fanning, tricampeão mundial e dono de três troféus na lendária praia australiana (2001, 2012 e 2014). Do outro, o brasileiro Adriano de Souza, campeão em Bells Beach em 2013 e um dos responsáveis por abrir os caminhos para histórico título mundial de Gabriel Medina, um sonho de várias gerações. Em uma batalha emocionante e marcada pelo equilíbrio, o australiano levou a melhor e tocou o sino pela quarta vez, repetindo a vitória do ano passado. 

Apesar do empate por 15.27 a 15.27, Fanning venceu no critério de desempate por ter a melhor onda (8,17). Ao conquistar o tetracampeonato em Bells, o surfista local igualou o recorde do americano Kelly Slater e do australiano Mark Richards como o maior vencedor da história da tradicional disputa, chegando ao topo, com 15.200 pontos. Filipinho tem a mesma pontuação, porém, terminou a última temporada em 17º lugar, enquanto o australiano ficou segundo. Com o resultado, Mineirinho permanece em terceiro do ranking, com 14.500, enquanto o atual campeão mundial Gabriel Medina (6.950) é o nono colocado. Assim como Medina, Filipinho também caiu nas quartas. A próxima etapa também será na Austrália, em Margaret River, a partir do dia 15 deste mês.

- Bells é um lugar especial para mim, especialmente porque eu fui campeão em 2013 e coloquei o meu nome neste troféu. Eu tenho que agradecer ao Ricardinho, que faleceu no começo do ano e sempre foi um grande amigo - disse Mineirinho em uma entrevista à Liga Mundial de Surfe.

Mick Fanning faz até careta para comemorar título da segunda etapa do Circuito Mundial de 2015 (Foto: WSL)

Mick Fanning derrota Mineirinho na final em Bells Beach e toca o sino pela quarta vez (Foto: Kelly Cestari/WSL)

Há dois anos, Mineirinho havia quebrado um tabu ao derrotar o americano Nat Young na decisão, sendo o primeiro brasileiro a tocar o sino em Bells Beach, depois de um jejum de vitórias desde 2011. Seguindo o lema "missão dada, é missão cumprida", o surfista também chamado de Capitão Nascimento pelos amigos, apelido inspirado no protagonista do filme "Tropa de Elite", encarou uma pedreira em sua primeira final contra Mick. No caminho até a final, Adriano eliminou Medina nas quartas de final e despachou o australiano Josh Kerr na semifinal.

Rei de Bells, o australiana Mick Fanning comemora tetra com seus súditos (Foto: Kelly Cestari/WSL)

Por conta da variação da maré, as melhores ondas custaram a aparecer. O brasileiro se impôs desde o início, mostrando toda a sua técnica, agressividade e frieza em rasgadas e batidas de "frontside" nas cobiçadas direitas. Após pegar as primeiras ondas e assumir a liderança, com 13,83 (6,33 + 7,50), o Adriano deixou o rival em combinação. Mick Fanning era cauteloso e pegou a primeira a 16 minutos do fim, no entanto, cometeu um erro incomum em uma manobra fácil e sofreu a queda. Ele não desistiu e, sem se intimidar pela pressão, pegou a melhor onda da bateria, um 8,17, chegando a 9,10.

A resposta do brasileiro veio na onda seguinte. Mineirinho trabalhou bem a onda, mostrando um leque de manobras da base até a crista, ganhando 7,47. Em busca da virada, o australiano precisava tirar 5,66 e investiu em uma onda cheia e com muita espuma, mas finalizou em grande estilo com um "tail slide" e uma bela batida. Com o 7,10 que arrancou dos juízes, ele somou 15.27 e conseguiu a virada. Mineirinho precisava de 7,78 para reassumir a dianteira. Ele encontrou uma boa onda para encaixar algumas manobras, no entanto, os juízes deram a ele 7,77, 0,01 a menos do que esperava. A igualdade de 15,27 a 15,27 permaneceu até o fim. Adriano, que passou a buscar um 7,51, ainda surfou mais uma, mas o 7,00 não foi suficiente para tirar o trono do mito de Bells Beach. 

Mick Fanning ergue pela quarta vez o troféu da tradicional etapa de Bells Beach, a mais antiga do Tour (Foto: AP)