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Massachusetts - Estados Unidos

Conheça os Grandes Kahunas do Design de Pranchas

Joseph Flaherty - Wired

Um novo livro desmistifica a arte, as técnicas de construção e a história das pranchas de surf.

Classificar um projeto da prancha como uma gema ou uma aberração é quase impossível, a menos que você tenha sido iniciado na sub-cultura do surf, banhada pelo sol. Felizmente um novo livro chamado Surf Craft: Design and the Culture of Board Riding (Embarcações do Surf: Projeto e Cultura das Pranchas de Surf) por Richard Kenvin, desmistifica a arte, a manufatura e a história destes objetos e arte.

A pesquisa da Kenvin abrange alguns dos princípios básicos de um bom design de pranchas, mas concentra a maior parte de suas páginas sobre as personalidades por trás das pranchas. Ela começa com a primeira observação ocidental do surf na terceira viagem do Capitão James Cook ao Havaí em 1769. Pulando adiante em 1885, ele segue um trio de príncipes havaianos na Califórnia, onde eles encomendaram em uma serraria de Santa Cruz pranchas feitas de madeira de sequóias, semelhantes àqueles populares na Big Island do Hawaii.

As sementes plantadas pelos príncipes floresceu no continente durante as primeiras décadas do século 20, em grande parte graças a um surfista carismático chamado Duke Kahanamoku. Nascido em Oahu durante o crepúsculo do tempo do Havaí como um reino independente, Kahanamoku surfava numa prancha Olo de 5 metros de comprimento, pesando 50 quilos, feita de madeira Koa, para um público americano fascinado por esportes de ação e orientalismo.

Estas pranchas pesadas não podiam cortar as ondas, mas o seu tamanho davam o equilíbrio necessário para longos passeios nas ondas e atuavam como contrapesos para os surfistas fazerem truques como deixar os dez dedos de fora do bico da prancha (hang ten).

As histórias das façanhas de Kahanamoku como um surfista e nadador olímpico se espalhou através dos EUA, como fez as histórias de surfe de Jack London. Em 1924, esses contos inspiraram a Tom Blake, um haole do meio-oeste, a viajar para Waikiki para surfar ao lado de seu herói, Kahanamoku.

Blake começou a restaurar pranchas em um museu local e esta reverência pelo ofício, juntamente com o seu tempo na água, o estimulou a uma série de idéias originais. Ele empregou métodos de construção de laminados, e perfurou centenas de buracos no bloco da prancha antes de selar a sua superfície para criar bolsas de ar, a fim de reduzir o seu peso, aumentar a flutuabilidade e reduzir a tensão da remada. Ele acrescentou uma quilha no fundo para aumentar a estabilidade, e finalmente, surgiu com a idéia de vender os kits de pranchas "faça você mesmo" pelo correio.

Um desses kits foi parar nas mãos gravemente feridas de um adolescente chamado Bob Simmons, que usou a prancha como uma ferramenta de fisioterapia para se recuperar de uma lesão no braço traumática, que quase levou à amputação.

Simmons tinha abandonado a escola mas conseguiu ser aceito no Instituto de Tecnologia da Califórnia (MIT). Ele aplicou um processo de engenharia rigorosa para o desenho de pranchas, utilizando as lições aprendidas nas suas aulas, tirou material de barcos de contrabando de bebida, apreendidos na época da lei sêca, e usou a sua experiência nos projetos de bombardeiros durante a Segunda Guerra Mundial para maximizar o desempenho hidrodinâmico. Um contemporâneo de Charles e Ray Eames, Simmons acabou utilizando muitas das técnicas e materiais que eles usaram para reinventar móveis como a fibra de vidro, espuma, e resina para criar as suas pranchas.

O resultado foi uma prancha mais larga, com um nariz no formato de uma colher, e bordas cuidadosamente esculpidas. Manobras como aéreos ainda estavam fora de questão, mas as inovações de Simmons tornaram possíveis para os surfistas controlar com mais precisão seus movimentos e ir mais rápido do que as pranchas mais pesadas e menos refinadas permitiriam.

Simmons morreu em um acidente de surf em 1955 aos 35 anos, mas o lançamento do filme Gidget, em 1959, o álbum de estréia dos Beach Boys em 1961, e a estréia do documentário clássico The Endless Summer em 1966 empurraram a super cultura do surf. Fabricantes logo se transformaram de um ofício humilde manual em um negócio de alto volume.

Ainda assim, shapers de pranchas continuaram a inovar. George Greenough, que Kenvin descreve como um australiano hiper-criativo e excêntrico, influenciou o esporte com pranchas mais curtas, mais manobráveis, que permitiram que os surfistas fazer manobras verticais e levantar vôo em exibições acrobáticas.

Em 1967, Steve Lis, um bodysurfista e kneeboarder, inventou a icônica prancha com uma rabeta dividida e quilhas geminadas "fish", que combina a mobilidade das pranchas curtas, com largas plataformas flutuantes, que as pranchas longboard proporcionam, tornando possível com uma única prancha surfar uma grande variedade de ondas, de pequenas marolas até grandes swells.

Como o esporte do surf profissionalizado, com características de desempenho mais rigorosas para as competições, Simon Anderson inventou a tri-quilha "thruster" em 1980. Sua prancha menor e com três quilhas se movia mais rápido do que as pranchas de uma única quilha, mas era mais sensível do que os modelos de quilhas duplas. Este equilíbrio deixou-a como o padrão para pranchas para surfistas competitivos por 35 anos.

Ainda assim, os shapers continuaram a empurrar as fronteiras em busca da onda perfeita. Eles experimentaram novas geometrias de pranchas, simétricas e assimétricas, o número e o posicionamento das quilhas, novos materiais abasteceram a sua busca a procura da onda ideal e a prancha perfeita para surfá-la.

Surf Craft: Design and the Culture of Board Riding foi publicada pela MIT Press.

Traduzido do artigo da Wired

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