#viagens #ondas perfeitas 

Cearenses nas Mentawai

O Projeto 12 Homes e um Destino, que reune um grupo de amigos que partiu do Ceará em busca da onda perfeita no Arquipélago das Mentawai, chega a sua metade provando que o surf é a verdadeira fonte da juventude

10/Jul/2012 - George Noronha - Indonésia

Após termos surfado ondas que durante anos permearam nossos sonhos mais distantes como Lances Left, Hollow Trees e Macarronis, ainda não tínhamos encontrado o verdadeiro tesouro das Mentawai. Apesar de termos surfado ondas perfeitas durante todos os dias da trip a ausência de mares fortes e ondas que ultrapassassem os 2m de tamanho já estava mexendo com os ânimos do grupo.

Alguns chegaram até a cogitar a possibilidade de que não sermos agraciados com as esperadas ondas com as quais tanto sonhamos e esperamos.

Nossa sorte começou a mudar quando menos esperávamos. No sexto dia de viagem, o capitão do Star Koat, Kadu Maia, decidiu que teríamos um dia off, isto é, sem surf. Apesar da insatisfação geral do grupo, não tínhamos escolha, pois, estávamos sujeitos aos caprichos da natureza e dessa forma não havia muito o que se fazer.

Havíamos passado boa parte da noite navegando até o local da ancoragem e alguns membros enjoaram ou tiveram algum tipo de desconforto com a travessia entre as ilhas.

Logo cedo chegamos ao pico de surf conhecido como Thunders. Diferente de todos os outros dias não havia nenhum barco com surfistas para dividirmos as ondas. Mas, em compesação, devido a maré de lua estar muito seca, não haviam ondas para serem divididas.

Para não deixar a energia do grupo se dissipar Kadu organizou um piquenique em Sibigau, a pequena ilha onde estávamos ancorados. Parece que pisar em terra firme era o que faltava para que o grupo desse uma relaxada. Ali mesmo, na beira da praia, fizemos uma churrasqueira de corais, compramos peixe e polvo dos moradores da pequena Sibigau e nos confraternizamos ao melhor estilo "Robinson Crusoé".

Quando todos estávamos conformados com a ideia de não surfar naquele dia de repente o vento mudou e naquele instante descobrimos porque a principal onda da ilha de Pagai Selatan chamava-se Thunders, ou trovão em inglês.

Ainda estávamos na praia quando Thunders começou a trovejar. Os primeiros a cair na água foram Rodrigo Lobo e Junior Carioca. Já passava das 15h e ninguém cogitava mais pegar onda naquele dia. Mas, quando percebemos que as ondas estavam acima de seis pés, todos corremos pra água pegar aquelas que seriam as maiores ondas da trip até então.

Surfamos sem nenhum gringo por perto até escurecer como adolescentes que acabavam de descobrir a alegria de caminhar sobre as ondas e finalmente, sentimos que tínhamos achado o que estávamos procurando: ondas pesadas e perfeitas.

No final, o espetáculo do surf foi completado pelo por do sol de um lado e o nascer da lua do outro e a energia da trip que tinha iniciado o dia meio pra baixo terminou em mais uma grande confraternização.

No dia seguinte, Kadu resolveu mover o barco para a parte sul da ilha de Pagai Utara, na mais temida e famosa onda das Mentawai: Green Bush.

Quando chegamos lá, ondas perfeitas com tubos que variavam entre quatro e seis pés fizeram a cabeça de toda a galera. E apesar de todos terem surfado ondas incríveis, ninguém foi mais feliz que Osório Neto, o primeiro tube rider da história do surf cearense, que provou continuar em grande forma desde quando pegou seus primeiros tubos em meados da década de 1970, na saudosa Praia do Ideal, que, se hoje em dia encontra-se sepultada sobre as toneladas de areia que deram origem ao Aterro de Iracema, continua bem viva na memória deste surfista de alma que no auge de seus 50 anos continua surfando com a alegria de quem acabou de descobrir a magia do esporte dos reis polinésios.

Agora, entramos na reta final da trip e a aproximação da melhor ondulação de toda a jornada tem criado uma grande expectativa nos membros do projeto. Já fomos colocados à prova em todas as situações possíveis, desde ondas pra direita, pra esquerda, tubulares e pesadas, até visitas indesejadas (mas inevitáveis) e nem sempre tranquilas às rasas e perigosas bancadas de corais e rochas vulcânicas que nos acompanham desde nossas primeiras ondas em território indonésio.

À medida que a viagem se aproxima do fim vamos ganhando confiança e consequentemente, surfando ondas cada vez maiores. Torcemos que a sorte continue do nosso lado e a energia do grupo se mantenha em alta para que nesse último swell possamos surfar as melhores ondas de nossas vidas. E olha que de vida essa turma entende bem, pois, não podemos perder de vista que a média de idade do grupo é de 50 anos. Mas, a essa altura falar sobre idade não faz mais sentido, já que, além de rejuvenescermos um ano a cada dia de Star Koat, surfar nas Mentawai é como estar na Terra do Nunca, um lugar onde o tempo não passa e seus habitantes não perdem a alegria de viver.

Ombak Bagus. Terima Kasih.

SAIBA MAIS

No site www.mentawai-surfcharters.com você encontra todas as informações necessárias para fazer uma boat trip pelas Ilhas Mentawai