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Brasil

Carlos Burle, o mestre em ondas GIGANTES

Alexandre Gondim - JC

Campeão pernambucano despede-se da carreira com vários recordes em cima da prancha. Agora, parte para uma nova importante etapa: vai repassar sua experiência de vitórias para as novas gerações.

Para o esporte brasileiro, o surfista Carlos Burle é sinônimo de conquistas dentro e fora d’água. O pernambucano contribuiu para a profissionalização e a evolução do surfe ultrapassando os limites do que era possível e imaginável, chegando ao momento da aposentadoria no auge da carreira. Campeão mundial de 2009, ele declara que batalhou toda a sua jornada para construir o esporte do qual é protagonista e agora se sente confortável para deixar o circuito mundial. “Esse é o momento mais oportuno para isso. Nunca me senti confortável antes porque sempre tinha algumas demandas a serem entregues”.

“Fui o primeiro a ganhar o título da competição. Acho que não vou poder ficar competindo com os melhores do mundo para o resto da vida”, brinca. "Tem momento para tudo na vida e o meu chegou agora. Estou muito feliz. Tudo o que eu planejei estou conquistando”, conta Burle, que está se despedindo da carreira em 2017. “Estou deixando um legado muito legal para as novas gerações, um legado positivo, de muitas conquistas, responsabilidade e profissionalismo dentro e fora da água”.


Carlos Burle campeão em Pico Alto 2012 - foto: Billabong

Carlinhos nasceu no Recife e ainda adolescente descobriu que sua vocação era o surfe. Em 1998, no primeiro Campeonato Mundial de Ondas Grandes na Remada, disputado em Todos os Santos, México, sagrou-se campeão mundial pela primeira vez. Na Califórnia, em 2001, surfou a maior onda do mundo até então, com 22,6 metros, em Mavericks, algo inacreditável para a época. Este feito lhe rendeu uma menção no Guinness Book e o título daquela temporada no XXL, o Oscar do surfe em ondas grandes.


Carlos Burle em Jaws - foto: towinsurfing.com.br

Burle também foi o primeiro brasileiro, com o parceiro também pernambucano Eraldo Gueiros, a surfar a onda oceânica de Cortes Bank, a 100 milhas da costa de San Diego. E o único brasileiro a participar do Eddie Aikau, evento de ondas grandes que é realizado no berço da modalidade, a Baía de Waimea, na Ilha de Oahu (Havaí), que em sua lista principal estão apenas os 28 mais respeitados mundialmente pela comunidade do surfe em ondas gigantescas.

Carlos Burle (PE) vice-campeão do Nazaré Challenge 2016 - foto: Laurent Masurel

Na temporada 2009/10, sagrou-se campeão do primeiro circuito mundial de ondas grandes na remada. E, em outubro de 2013, em Nazaré (Portugal), Burle foi rebocado pelo companheiro de equipe Pedro Scooby na maior onda de sua vida, estimada em cerca de 30 metros (100 pés) por alguns especialistas.

Scooby e Burle amarradões na tow session em Nazaré - foto: Lusa

A despedida, na verdade, marca uma nova etapa na carreira do surfista. Burle já está dando os primeiros passos em seu novo projeto, ajudar novos surfistas a competirem em ondas gigantes. Ele vem treinando Lucas Chumbinho, de 21 anos, como seu discípulo. Os treinos ocorrem desde outubro de 2016 e incluem exercícios físicos, yoga, meditação, alimentação saudável entre as sessões de surfe. "Lucas é um menino diferenciado pelo talento e pela determinação e foco no título mundial. Para mim é um privilégio e um grande desafio treiná-lo. Exatamente no ano em que encerro a minha carreira no Mundial de Ondas Grandes, Lucas entra para o circuito. É como se eu estivesse passando o bastão e deixando um legado. Agora vamos trabalhar duro para alcançar o nosso objetivo", comentou. “Eu vou me aposentar realizado!".


Maya Gabeira,Eraldo Gueiros e Carlos Burle Laje da Jagua-SC -  foto: Mauricio Drunn

Fonte: NE10 Mag

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