Análise do Swell Épíco de Noronha

A temporada de ondas de norte funciona de maneira diferente da temporada de sul no Brasil. Como a maior parte do litoral brasileiro fica no hemisfério sul, os swells que chegam de sul costumam ter um período menor e uma altura maior do que os swells que vem do hemisfério norte, que chegam com um período alto e uma altura média um pouco mais baixa.

Mas, de vez em quando, entra uma bomba. Se uma ondulação se forma com a direção e potência certas, temos um #SwellHistorico entrando na costa brasileira. E foi o que rolou na virada de fevereiro para março deste ano, durante a etapa do QS 5000 da WSL, o Hang Loose PRO. Com isso, vários atletas profissionais estiveram na ilha durante o swell e puderam mostrar um show de surf para quem estava na praia.

Vamos analisar a ondulação e comparar com outras que rolaram nos últimos 10 anos! Se liga:

É importante destacar que iremos comparar a medição oceânica entre os anos, para manter a base. O swell de 2023 veio de norte-noroeste (variando entre 340º e 356º) com 2m de altura e 14 segundos de período. Pode não parecer um swell muito grande, mas a influência do período em uma bancada como a da Cacimba do Padre faz com que as ondas aumentem bastante de altura no litoral na hora de quebrar. 

Tivemos um swell com 32 watts de potência que se estendeu por alguns dias, chegando no ápice no dia 02/03 e ficando nessa faixa até o dia 05/03. Isso garantiu que o surf em condições épicas rolasse por alguns dias durante o campeonato, mesmo com a paralisação no dia 02 devido ao tamanho do mar. O vento também ajudou ao longo dos dias, ficando abaixo dos 20 km/h e rodando entre leste e leste-sudeste, favorecendo a formação na praia.

Não foi o maior swell já registrado na ilha, mas foi uma ondulação bem grande, que obrigou a galera no porto a ficar alerta e movimentar os barcos para evitar maiores problemas.

Certamente, foi o maior swell desde 2018, quando a ondulação na ilha bateu 2,9m com incríveis 16 segundos de norte (entre 354º e 356º). E por conta dessa diferença de altura e período, tivemos um pico ainda maior de potência: foram tremendos 62 watts de potência no dia 02/03/2018, quase o dobro do observado durante o swell deste ano.

O vento também foi um fator fundamental para que as condições de 2018 possam ser descritas como melhores: no dia do pico do swell, ele não passou de 10km/h e mesmo marcando norte maral, não atrapalhou muito as condições do surf!

Em 2013, um outro swell grande também encostou no arquipélago e fez a galera remar até a segunda laje. Dessa vez, a direção foi ainda mais de norte-noroeste (336º) com o pico no dia 16/01/2013, com 2,6m e 16 segundos de período. Com esses fatores, o swell atingiu 56 watts de potência, bem próximo ao observado 5 anos depois em 2018.

Infelizmente não temos os dados de vento desse dia, mas tem uma matéria irada da época contendo um vídeo com imagens exclusivas feitas na ilha durante o swell. Destaque para a presença de um Jadson André ainda novinho junto com locais consagrados da ilha, confira o vídeo aqui nesse link!

TABELA DE COMPARAÇÃO DOS SWELLS