Relatório: Ecossistema do Planeta em risco
30/Mar/2005 - ReutersOs seres humanos estragam o planeta num índice nunca visto e aumenta o risco de colapsos bruscos da natureza que poderia disseminar doenças, criar desflorestamento ou "zonas mortas" nos mares, segundo um relatório internacional divulgado nesta quarta-feira.
O estudo, feito por 1.360 peritos de 95 nações, afirma que a crescente população humana nos últimos 50 anos já poluiu ou sobre-explorou dois terços dos sistemas ecológicos da qual a vida depende, desde o ar limpo até a água potável.
"No coração desta avaliação está um aviso importante," afirma a mesa de 45 membros da Avaliação de Ecossistemas do Milênio.
"A atividade humana impõe tanta tensão nas funções naturais da Terra que a capacidade dos ecossistemas do planeta de apoiar as gerações futuras pode não ter mais valor," disse.
De 10 a 30 por cento dos mamíferos, pássaros e anfíbios já foram ameaçados com extinção, de acordo com a avaliação, a maior análise já feita dos sistemas de suporte à vida do planeta.
"Nos últimos 50 anos, os seres humanos já mudaram os ecossistemas mais rapidamente e extensamente do que em qualquer tempo comparável da história humana, grande parte para suprir a crescente demanda por alimentos, água potável, madeira, fibra e combustível," o relatório fala.
"Isto resultou numa perda substancial e em grande parte irreversível da diversidade de vida na terra," adicionou. Mais terra foi transformada em área de cultivo e pastagem desde 1945, por exemplo, que no séculos 19 e 18 combinados.
E ficando pior, "As conseqüências prejudiciais desta degradação podem piorar significativamente nos próximos 50 anos," disse. O relatório foi compilado por peritos, incluindo agências das Nações Unidas e organizações científicas internacionais de desenvolvimento.
O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, disse que o estudo "mostra como as atividades humanas causam estragos do meio-ambiente numa escala imensa por todo o mundo, e como a biodiversidade - a base para vida na terra - declina num índice alarmante."
O relatório ainda afirma que há evidências que tensões sobre a natureza podem desencadear mudanças bruscas como o que aconteceu em 1992, ao largo Terra Nova no Canadá, o colapso da pesca do bacalhau ocorreu depois de anos de sobrepesca, que é a pesca além do limite que a natureza suporta.
As mudanças do futuro podem trazer epidemias repentinas de doença, por exemplo, O aquecimento dos Grandes Lagos na áfrica devido a mudança do clima, poderia criar condições para uma epidemia de cólera.
E uma acumulação do nitrogênio de fertilizantes, carregados pelas chuvas e rios das terras cultivadas para os mares, pode causar o crescimento brusco das algas que envenenam os peixes ou criam "zonas mortas" sem oxigênio ao longo do litoral.
O desflorestamento freqüentemente leva a menor quantidade de chuvas. E a falta de chuva pode repentinamente deixar sem condições de crescimento as florestas de uma determinada região.
O relatório disse que em 100 anos, o aquecimento global que é causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis (por exemplo: gasolina, diesel) em carros, fábricas e usinas termoelétricas, pode se tornar a fonte principal dos estragos.
O relatório visa principalmente outros riscos a curto prazo. Ele estima que vários ecossistemas valem mais se forem usado de uma maneira que os mantenham intocados para gerações futuras.
Um hectare de pântano no Canadá valeria 6.000 dólares como um habitat para animais e plantas, filtro para poluição, armazenador de água e local para recreação humana, do que 2.000 dólares se convertido em terra cultivada, disse. Um mangue tailandês valeria 1.000 dólares por hectare contra 200 dólares como uma fazenda de camarão.
"Os ecossistemas e os serviços que eles fornecem são financeiramente significativos e...degradá-los e estragá-los é eqüivalente a um suicídio econômico," afirmou Klaus Toepfer, chefe do Programa de meio-ambiente das Nações Unidas.
O estudo aconselhou mudanças urgentes no consumo, melhor educação, novas tecnologias e preços mais altos para explorar ecossistemas.
"Governos devem reconhecer que serviços naturais têm custos," A.H. Zakri da universidade das Nações Unidas e colaborador do relatório contou a Reuters. "É improvável que a proteção dos serviços naturais se torne uma prioridade para aqueles que os vêem como gratuitos e sem limites."