Iniciativas usam poder do blockchain para limpar oceanos
O acúmulo de plástico nos oceanos é uma das mais graves crises ambientais da atualidade. Segundo o relatório Breaking the Plastic Wave.
18/Jun/2024 -Produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), 11 milhões de toneladas do material são despejados nos mares anualmente. Para se ter uma ideia, o volume equivale a jogar um caminhão de lixo plástico no oceano a cada minuto. A situação é tão urgente que, de acordo com a Fundação Ellen MacArthur, instituição focada na criação de uma economia circular com o objetivo de regenerar a natureza, a quantidade de plástico nos oceanos pode superar a de peixes até 2050.
Em um esforço conjunto para combater a crise, a organização ambiental World Wildlife Fund (WWF) e a plataforma Polygon anunciaram uma parceria inovadora. A ideia é utilizar a tecnologia blockchain para financiar projetos de limpeza e preservação dos oceanos, além de promover a conscientização sobre o problema.
A iniciativa “Trash NFTs”, um projeto da WWF em parceria com a Polygon, visa reduzir a poluição de plástico nos oceanos. | Imagem: Divulgação
A principal iniciativa da parceria é a criação de uma coleção de tokens não fungíveis (NFTs) chamada Trash NFTs (disponível nas melhores corretoras de criptomoedas do mercado). Cada NFT representa mil quilos de lixo plástico removidos do oceano, com a garantia de que o material será reciclado ou descartado de forma responsável.
A venda dos Trash NFTs possibilita a arrecadação de fundos pela WWF, recursos esses que são utilizados no financiamento de projetos de limpeza e preservação dos oceanos, como a instalação de barreiras para conter o lixo plástico e apoio a comunidades costeiras na coleta e reciclagem de resíduos.
Polygon e sustentabilidade
A escolha da Polygon como plataforma para os Trash NFTs não foi por acaso. Seu blockchain é considerado um dos mais eficientes em termos energéticos. Isso significa que suas transações geram um impacto ambiental significativamente menor em comparação à maioria dos concorrentes.
Acima de tudo, a parceria entre a WWF e a Polygon representa um novo modelo para a conservação ambiental, demonstrando o potencial da tecnologia blockchain para gerar impacto positivo no ambiente. Ao combinar inovação tecnológica com expertise ambiental, o projeto abre caminho para soluções inovadoras e eficazes para combater a crise do plástico nos oceanos.
Plastic Bank: transformando plástico em valor social
Seguindo um caminho semelhante, o Plastic Bank, iniciativa fundada em 2013 por David Katz e Shaun Frankson, opera em regiões costeiras onde a poluição plástica e a pobreza são questões críticas. A organização estabelece centros de coleta em locais estratégicos, permitindo que moradores troquem plásticos descartados por benefícios sociais e econômicos. Isso não só ajuda a remover grandes quantidades de plástico dos oceanos, mas também proporciona uma fonte de renda adicional para comunidades locais.
O plástico coletado é transformado em "Social Plastic®", um material reciclado que pode ser utilizado em produtos e embalagens de empresas parceiras. Este ciclo cria um mercado sustentável para esse tipo de resíduo, incentivando a reciclagem e ajudando a reduzir a dependência de plásticos virgens.
Mas um dos aspectos mais inovadores do Plastic Bank é o uso da tecnologia blockchain em sua operação para garantir transparência e eficiência. Através de um aplicativo, cada transação de coleta é registrada no blockchain, assegurando a correta utilização dos recursos e a verificação dos benefícios distribuídos.
As criptomoedas também desempenham um papel crucial neste modelo. Ao recompensar os coletores de plástico com tokens digitais, o Plastic Bank facilita transações seguras e imediatas, eliminando intermediários e reduzindo custos. Este sistema financeiro descentralizado permite que até mesmo indivíduos sem acesso a serviços bancários tradicionais possam participar da economia circular, promovendo inclusão financeira e empoderamento econômico.
Impacto socioambiental
O Plastic Bank já coletou até agora mais de 14 mil toneladas de plástico, o equivalente a mais de 707 milhões de garrafas pet. Este impacto é amplificado pelo fato de que o programa não apenas beneficia o meio ambiente, mas também oferece uma saída da pobreza para muitos coletores. Em países como Haiti, Filipinas e Indonésia, a iniciativa tem ajudado a criar empregos e melhoria nas condições de vida de milhares de pessoas.
Além disso, parcerias com grandes empresas como IBM e Henkel fortalecem ainda mais o projeto, pois atrai recursos e tecnologia para expandir o alcance e a eficácia de suas operações.
Além dos oceanos
Outra organização que explora o poder das cripto para viabilizar suas ações é a KlimaDAO. Fundada em 2021, a iniciativa se diferencia por sua abordagem inovadora que combina o poder transformador da tecnologia blockchain com a força do mercado de carbono. O objetivo é remover quantidades significativas de carbono da atmosfera através da compra e venda de créditos de carbono de alta qualidade.
Um dos aspectos mais inovadores da KlimaDAO reside na sua busca por democratizar o acesso ao mercado de carbono. Tradicionalmente dominado por grandes corporações e governos, esse mercado agora se abre para indivíduos, empresas e instituições de todos os portes através da plataforma da organização.
O grande objetivo da KlimaDAO é estabelecer um sistema financeiro regenerativo, onde o capital esteja alinhado com os objetivos de sustentabilidade ambiental. Através de seus mecanismos de governança e do desenvolvimento de ferramentas financeiras inovadoras, a organização busca promover um modelo econômico que recompense as atividades que contribuem para a preservação do planeta.