#poluição #ecologia #estudos 

Em 2050 não deverá mais existir pesca comercial marinha

05/Nov/2006 - Fred Pearce - Science

É possível que não existam mais estoques comerciais de peixe no mar por volta de 2050, de acordo com um novo estudo sobre o colapso global de ecossistemas marinhos. A culpa não é só da sobrepesca, mas também um maior ataque da humanidade sobre a saúde dos ecossistemas marinhos, por exemplo a poluição.

"A menos que nós fundamentalmente mudemos o meio que nós administramos todas as espécies do oceano, como um ecossistema, então este século é o último século do alimento selvagem," diz Steve Palumbi na Universidade de Stanford na Califórnia, EUA, que executou a investigação de quatro anos com colegas.

O estudo é o maior esforço universal para se entender a produtividade dos oceanos e predizer o seu futuro. Ele combina dados históricos de pesca, algum deles com mais de mil anos, com análise de ecossistemas marinhos e experiências sobre a vida marinha, para trazer de volta áreas protegidas.

Os autores, de cinco países, revisaram centenas de estudos individuais cobrindo cada escala, desde oceanos inteiros a áreas marinhas de alguns metros quadrados. Dizem que o mesmo padrão emerge em cada escala. Ecossistemas ricos com muitas espécies podem sobreviver a sobrepesca e outras ameaças bem `“ mas uma vez que a biodiversidade está perdida, o sistema inteiro, incluindo estoques de peixe, entra em declínio exponencial. Que acelera cada vez mais.

Uma ecossistema saudável mantem os peixes saudáveis e bem alimentados, e mantem berçários de peixes, tais como recifes de coral e algas marinhas. Mas há menos de tais sistemas saudáveis a cada ano. Desde que em 1950, 29% das espécie comerciais de peixe sofreram um colapso (definido como uma perda de 90% ou mais).

E o passo acelera.

O estudo diz que a última espécie atualmente comercial de peixe estará perdida em 2048.

Mas o relatório também revela que a vulnerabilidade de estoques de peixe depende de diversidade biológica total. As áreas de oceano com biodiversidade baixa sofreram colapsos a 34% de estoques comerciais de peixe, comparados com 24% nessas áreas com biodiversidade alta.

Muitos cientistas da pesca foram cépticos da idéia que o abalo em algumas espécie não comerciais pode ser uma ameaça a estoques de peixes comerciais. Mas este estudo demonstra, pela primeira vez, que a saúde ecológica como um todo é o que importa no oceano. "Cada espécie importa."

Saúde e riqueza

Os ecologistas anunciaram os resultados como um avanço não só para o estudo dos oceanos, mas também para estimar o valor de ecossistemas naturais à saúde e para riqueza da planeta. "Esta análise fornece a melhor documentação que eu jamais vi no que diz respeito ao valor da biodiversidade," diz Peter Kareiva do Nature Conservancy dos EUA.

A notícia boa é que esse estoques de peixe podem se recuperar se as ecossistemas forem protegidos e a biodiversidade ressurgir. Boris Worm, um ambientalista marinho da Universidade de Dalhousie em Halifax, Canadá, que dirigiu o estudo, diz que dentro das 44 áreas protegidas estudadas, "espécies voltaram mais rapidamente do que as pessoas anteciparam `“ em três ou cinco ou 10 anos. E onde isto foi feito vemos benefícios econômicos imediatos."

Um projeto marinho típico de conservação pode aumentar a biodiversidade por mais de um quinto e aumentar o numero de peixes comerciais em quatro vezes, o estudo mostra. Mesmo assim, menos de 1% do oceano é eficientemente protegido neste momento.

"A biodiversidade marinha fornece vários serviços ao planeta além da pesca `“ tais como prevenir marés vermelhas, processamento de resíduos, além de manter a capacidade dos oceanos em absorver nossas emissões de dióxido de carbono," diz Nicola Beaumont, membro da equipe no Laboratório Marinho de Plymouth no Reino Unido. "Para reduzir a mudança climática, nós necessitamos de um ecossistema marinho saudável" adiciona.

"A conservação da biodiversidade e desenvolvimento econômico a longo prazo devem ser vistos como inter-dependentes," os pesquisadores concluem. Ou, como Worm põe: "Os oceanos definem nosso planeta e o seu destino pode em grande parte determinar nosso destino."